Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Clarianas
  • Fontes Históricas
  • Legendas
  • Legenda Versificada

TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 2

II - Verba a[u]ctoris. 

Principium metuit, operis fastigia mirans, 
Mens rudis et sinplex, medium finemque veretur. 
Sol celas stellas; confundit nobile thema 
Ingenii speculum. Quis fructus poscat amenos 
Arbore de sterili, vel quis de marmore duro 
Fluminis exquirat undas, de paupere mensa 
Speret delitias? Etenim temeraria res est, 
Ut sermone carens, sensu mendicus, in eius 
Almificos actus spiret, lumenque novelle 
Lanpadis extollat metris, ubi musa Maronis 
Sisteret, et quevis torperet lingua poete. 
Languent ingenii vires, mens feda reatu 
Offitium lingue frenat, censetque prophanum, 
Virginis ut sordens maculis insignia promat, 
Incestus castam, pollutus sorde carentem 
Personet eloquio, scirpus de flore loquatur; 
Set quia conceptum mentis, quem culpa relegat, 
Quod fluat in lucem fervens devotio cogit, 
Hoc opus aggredior. A[u]ctorem luminis omnis 
Invoco, quod mentem celesti compluat inbre, 
Imbuat, illustret, vitiorum nube fugata; 
Adsit et huic studio lumen de lumine, Patris 
Splendor seu speculum, sapientia, forma, figura; 
Pingat opus pictor rerum, vitalia cordis 
Spiritus accendat, sacro spiramine cuius 
Frigida flammantur, mollesscunt dura, rigantur 
Arida. Sic fultus potero preconia clare 
Virginis ad votum metrico describere ludo; 
Est ortus cuius clarus, primevaque clara, 
Clara fides, clarus habitus, mores quoque clari, 
Clarus odor fame, mors eius clara, sepulcrum 
Est clarum, clarusque cinis, miracula clara, 
Spiritus est clarus, clara regione locatus.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 2

II – Palavras do Autor. 

A mente rude e simples tem medo do começo, olhando admirada para a grandeza da obra, e se assusta com o meio e o fim. O sol esconde as estrelas; o nobre tema deixa confuso o espelho da inteligência. Quem vai buscar frutos gostosos numa árvore estéril, quem vai querer tirar do mármore duro as águas de um rio, ou vai esperar delícias de uma mesa pobre? Pois é uma temeridade que alguém que nem sabe falar, que é um mendigo de sentido, tenha a ousadia de falar de ações santas e queira exaltar em poesia a luz dessa nova lâmpada, quando a musa de Virgílio se deteria e qualquer língua de poeta ficaria paralisada? 
Desfalecem as forças da inteligência. A mente, desfigurada pelo reato, freia a capacidade da língua, e acha que é profano, sendo tão suja de manchas meter-se a louvar as grandezas da virgem, ou que um incestuoso celebre a casta com sua palavra, que um poluído louve aquela que não tem máculas, que um junco fale de uma flor. 
Mas vou ousar fazer este trabalho porque o conceito da mente, que relega a culpa, obriga a devoção fervorosa a se derramar para a luz. Invoco o Autor de toda luz para que regue a minha mente com a chuva do céu, que a impregne e ilumine, afastando a nuvem dos vícios. Que também esteja presente neste esforço a Luz da luz, o Esplendor do espelho do Pai, sua Sabedoria, forma e figura. Que a obra seja pintada pelo pintor das coisas, que as coisas vivas do coração sejam acendidas por aquele espírito por cujo sopro sagrado as coisas frias se inflamam, regam-se as áridas. Com essa base, poderei cantar os valores da virgem Clara em linguagem métrica, conforme o desejo. Seu nascimento foi claro, claros os seus começos, clara a fé, claro o hábito, claros também os costumes. Claro o odor da fama, clara sua morte, claro é o seu sepulcro., clara a cinza, claros os milagres, claro o espírito, colocado em uma região clara.