Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Vida de São Francisco

TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 23

23.

1 Post haec vallem Spoletanam intrantes, pium novae iustitiae zelatores habuere tractatum, utrum in locis solitariis an potius inter homines foret illis morandum.

2 At vero sanctus vir Dei, veluti de sua diffisus industria, devotis orationum studiis negotia cuncta praeveniens, ibi quid ageret infallibiliter didicit, zeloque ductus divino proximorum lucris intendere quem sibi soli vivere praeelegit.

3 Tunc sanctus Franciscus, in Domino confortatus, ex auctoritate apostolica fiducialius agere (cfr. Act 9,28) coepit, et per civitates villasque et castella circuiens (cfr. Mat 9,35), poenitentiam constantissime praedicavit.

4 Curabat praecipue semetipsum irreprehensibilem in omnibus exhibere (cfr. Tob 10,13), ne veritatem cogeretur verbis adulatoriis palliare.

5 Mirabantur viri litterati eius, quem non homo docuerat, verborum virtutem, videntes ad ipsum nobiles et ignobiles, divites et egenos turmatim confluere, eique, veluti novo sideri in tenebris orienti sollerter intendere.

6 Omni namque ordini, conditioni, aetati et sexui congruenter documenta salutis impendit;

7 omnibus vivendi regulam tribuit, cuius hodie felicem ducatum in utroque sexu sequentium triumphare se gaudet Ecclesia triplici militia salvandorum.

8 Tres enim, ut supra tetigimus, Ordines ordinavit; quorum primum ipse professione simul et habitu super omnes excellentissime tenuit, quem et Ordinem Fratrum Minorum, sicut in Regula scripserat, appellavit.

9 Secundus etiam, qui supra memoratus est, pauperum Dominarum et virginum felix ab eo sumpsit exordium.

10 Tertius quoque non mediocris perfectionis Ordo Poenitentium dicitur, qui clericis et laicis, virginibus, continentibus coniugatisque communis, sexum salubriter utrumque complectitur.

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 23

23.

1 Depois disso, entrando no vale de Espoleto, zelosos pela nova vida, fizeram uma piedosa reflexão sobre se deveriam em lugares solitários ou em meio aos ho­mens.

2 Mas o santo homem de Deus, desconfiando de sua in­teligência, entregando-se a devotos esforços de oração antes de qualquer decisão, nela compreendeu, com certeza, o que devia fazer e, guiado pelo zelo divino, decidiu dedicar-se ao bem do próximo mais do que a viver só para si.

3 Então São Francisco, confortado no Senhor, começou a agir com mais confiança por autoridade apostólica (At 9,28) e, andando pelas cidades, vilas e aldeias (Mt 9,35), pre­gou constantemente a penitência.

4 Cuidava, sobretudo, de se apresentar sempre irrepreensível (Tb 10,13), para não ter que disfarçar a verdade com palavras de adulação.

5 Os letrados maravilhavam-se da força de suas palavras, porque viam que a ele, não instruído por um homem, acorriam em bandos nobres não nobres, ricos e po­bres, atentos como a um astro novo despontado nas trevas.

6 E ele apresentou oportunos ensinamentos de salvação a pessoas de toda categoria, condição social, idade e sexo;

7 deu uma regra de vida a todos, de forma que hoje a Igreja se gloria daqueles que, de ambos os sexos, o seguem na tríplice milícia dos que deverão ser salvos.

8 De fato, como já dissemos, ele deu origem a três Ordens: a primeira, à qual ele mesmo observou melhor do que todos pela profissão e pelo hábito, à qual também deu o nome, como escreveu na Regra, de Ordem dos Frades Menores.

9 A segunda, também já recordada, das senhoras e das virgens pobres, que teve por ele o feliz início.

10 Também a terceira, de não medíocre perfeição, chama-se Ordem dos Penitentes e, sendo comum a clérigos e leigos, virgens, continentes e casados, congrega salutarmente ambos os sexos.