TEXTO ORIGINAL
4.
1 Iam novi propositi novum consiliarium quaerit: Deum, quid agat, unicum consulit, nullique mortalium quid intendat exponit.
2 Solum tamen quemdam sibi prae caeteris familiarem gaudii sui participem esse desiderans, quin potius occasionem, ut verbis aliquando laetitiam mentis exprimeret, quaerens, ipsum ad loca secretiora saepius evocabat;
3 et quidem sub aenigmate loquens, sed omnino propositi sui secreta non reserans, magnum se pretiosumque thesaurum reperisse dicebat.
4 Congratulabatur sibi vir ille non modicum, laetanter cum ipso, quotiescumque vocabatur, egrediens et de thesauro utcumque loquenti libentissime colloquens.
5 Intrabat autem crebro vir novo perfusus spiritu quamdam cryptam, socio deforis exspectante et quid intus ageret penitus ignorante;
6 ibique cum lacrimis caelestem exorabat in abscondito Patrem (cfr. Mat 6.6), ut, viam ipsius dirigens, suam ei plenius ostenderet voluntatem.
7 Sic iugiter in oratione persistens, semetipsum graviter affligebat, et donec divinitus qualiter inchoandum cognosceret, affectionum sibi vicissim succedentium importunitas ipsum quiescere non sinebat.
8 Alternabantur namque in illo gaudium pro gustati dulcedine spiritus, dolor gravissimus pro peccatis praeteriti temporis, timor non modicus de futuris, fervensque desiderium super iis quae conceperat consummandis.
TEXTO TRADUZIDO
4.
1 Depois, procurou para o novo plano um conselheiro novo: Deus, consultando só a ele e a nenhum mortal para saber o que tinha que fazer, e explicou o que pretendia.
2 Mas, desejando partilhar sua felicidade só com um amigo mais familiar que os outros, chamava-o frequentemente para os lugares mais secretos para expressar de vez em quando em palavras a alegria de seu coração.
3 Sem desvendar totalmente o projeto, falava-lhe em enigmas, dizendo que tinha descoberto um grande e precioso tesouro.
4 Esse homem se congratulava muito com ele e, sempre que era chamado, saía e conversava sobre o tesouro em toda parte, com a maior boa vontade.
5 Movido por um espírito novo, ele entrava muitas vezes numa gruta, enquanto seu companheiro esperava fora, sem saber absolutamente saber o que se passava lá dentro;
6 ali, chorando, pedia ao Pai celeste em segredo (Mt 6,6) que, mostrando-lhe o caminho, revelasse melhor a sua vontade.
7 Persistindo em contínua oração, infligia-se a si mesmo pesadas penitências e, enquanto não soubesse divinamente por onde devia começar, afetos inoportunos que se sucediam uns aos outros não lhe davam sossego.
8 Pois nele se alternavam a alegria pela doçura do espírito que experimentava, uma bem pesada dor pelos pecados passados, não pouco medo dos futuros e um fervoroso desejo das coisas que decidira levar a cabo.