Speculum Perfectionis (minus) - 42

[42]
¹ Semel quidam pauperculus et infirmitius venit ad beatum Franciscum, et compatiens ei loquebatur cum socio de nuditate et infirmitate eius. ² Et dixit socius ei: “Frater, verum est, quod iste satis pauper est, sed forsitan in tota provincia non est voluntate ditior eo”. ³ Et reprehendit eum beatus Franciscus, quod non bene dixisset, ita quod inde dixit suam culpam.
⁴ Et ait beatus Franciscus: “Vis inde penitentiam facere, quam dixero tibi?”. Respondit: “Libenter”. ⁵ Et dixit ei: “Vade et exuere tunicam tuam et vade nudus (cfr. Is 20,2) coram paupere et proice te ad pedes eius (cfr. Mat 15,30) et dicas ei, quomodo peccasti in eo, quoniam detraxisti ei; ⁶ et dicas ei, ut oret pro te, ut Deus indulgeat”. ⁷ Ivit ergo ille et fecit omnia, sicut dixit ei beatus Franciscus; quo facto elevavit se et induit se tunicam et reversus est ad beatum Franciscum.
⁸ Et ait ad eum beatus Franciscus: “Vis, ut dicam tibi, quomodo peccasti in illo, immo in Christo?”. ⁹ Et ait: “Cum vides pauperem, debes considerare illum, in cuius nomine venit, videlicet Christum, qui nostram paupertatem et infirmitatem assumere venit. ¹⁰ Nam paupertas et infirmitas istius est quoddam speculum nobis, per quod speculari et considerare debemus paupertatem cum pietate et infirmitatem Domini nostri Iesu Christi, quas in suo corpore portavit (cfr. Is 53,4; 1Cor 6,20; Gal 6,28) pro redemptione humani generis”.

Espelho da Perfeição Menor - 42

[42]
¹ Uma vez, um homem pobrezinho e doentio veio ver o bem-aventurado Fran­cisco que, compadecido, falava com o companheiro so­bre sua nudez e enfermidade. ² O companheiro disse-lhe: “Irmão, é verdade que ele é bastante pobre, mas pode ser que não haja ninguém em toda a região que deseje ser rico mais do que ele”. ³ O bem-aventurado Fran­cisco repreendeu-o, porque não falou bem, de modo que ele dis­se sua culpa.
⁴ E o bem-aventurado Francisco disse: “Queres cumprir a penitência que eu te impuser?” Ele respondeu: “De boa vontade”. ⁵ Ele lhe disse: “Vai e despe tua túnica, apresenta-te nu (cf. Is 20,2) diante do pobre, lança-te a seus pés (cf. Mt 15,30) e dize-lhe que pecas­te contra ele, porque o denegriste. ⁶ Dize-lhe que ore por ti, para que Deus te perdoe”. ⁷ Então ele foi e fez tudo como lhe disse o bem-aventurado Francisco. Feito isso, er­gueu-se, vestiu a túnica e voltou ao bem-aventurado Francisco.
⁸ E o bem-aventurado Francisco disse: “Queres que eu te diga como pecaste contra ele e até con­tra Cristo?” ⁹ E disse: “Quando vires um pobre, deves ver em nome de quem ele vem, isto é, Cristo, que veio assumir nossa pobre­za e enfermidade. ¹⁰ pois a pobreza e a enfermidade deste é como um espelho para nós, através do qual devemos espelhar e considerar com piedade a pobreza e a enfermidade de nosso Senhor Jesus Cris­to, que ele levou no seu corpo (cf. Is 53,4; 1Cor 6,20; Gl 6,28) para redenção do gênero humano”.