Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Perusina - 27

1 Quodam tempore, dum iret beatus Franciscus apud Cellam de Cortona, accidit, dum transiret per viam subtus quoddam castrum, quod vocatur Limisianum, prope locum fratrum de Pregio, ut quedam nobilis domina eiusdem castri cum magna festinatione veniret ad loquendum beato Francisco. 
2 Cumque unus de sociis beati Francisci respexisset illam dominam valde fatigatam itinere venientem cum magna festinatione, cucurrit et dixit beato Francisco: 
3 “Pater, amore Dei expectemus istam dominam, quia venit post nos, que multum fatigata est ex desiderio loquendi nobiscum”. 
4 Beatus Franciscus sicut homo caritatis plenus et pietate expectavit eam. 
5 Ut autem vidit fatigatam et venientem cum magno fervore spiritus et devotione, dixit ad eam: “Quid tibi placet, domina?”. 
6 Respondit mulier et dixit ei: “Pater, rogo ut michi benedicas (cfr. Gen 27,38)”. 
7 Dixit ad eam beatus Franciscus: “Es obligata viro an soluta?”. 
8 At illa: “Pater, diu est quod Dominus dedit michi bonam voluntatem serviendi sibi. 
9 Habui et habeo magnum desiderium salvandi animam meam, sed habeo virum ita crudelem et michi et sibi adversarium in servitio Christi; ex quo usque ad mortem affligitur multo dolore et angustia anima mea”. 
10 Beatus Franciscus considerans ferventem spiritum quem habebat, et maxime quia puella erat et delicata secundum carnem, motus pietate super ipsam benedixit eam et dixit ei: 
11 “Vade et inveniens virum tuum domi, dices ei ex parte mea, quod ipsum et te rogo amore illius Domini qui pro nobis salvandis crucis sustinuit passionem, ut salvetis animas (cfr. Gen 19,19) vestras in domo vestra”. 
12 Cumque reverteretur et intraret domum, invenit virum suum in domo, sicut dixerat ei beatus Franciscus.
13 Et dixit ad eam vir eius: “Unde venis?”. 
14 At illa: “Venio a beato Francisco qui benedixit michi, et in verbis suis consolata et letificata est in Domino anima mea. 
15 Insuper et dixit michi, ut ex parte sua tibi dicerem et te rogarem, ut in domo nostra salvemus animas (cfr. Gen 19,19) nostras”. 
16 Et hiis dictis statim gratia Dei descendit super eum meritis beati Francisci. 
17 Qui respondit ei cum multa benignitate et mansuetudine, a Domino tam cito noviter immutatus. “Domina, amodo sicut tibi placuerit faciamus Christi servitium et salvemus animas (cfr. Gen 19,19) nostras sicut dixit beatus Franciscus”. 
18 Dixitque ad eum uxor eius: “Domine, michi bonum videtur, ut vivamus in castitate, quia multum placita est Domino et est virtus magne remunerationis”. 
19 Respondit ei vir eius: “Domina, placet michi ex quo tibi placet. 
20 Nam in hoc et in aliis bonis operibus voluntatem meam unire volo tue voluntati”. 
21 Et exinde per plurimos annos vixerunt in castitate, facientes multas helemosinas fratribus et aliis pauperibus, ita quod non solum seculares, sed etiam religiosi mirabantur de ipsorum sanctitate, maxime cum ille vir esset valde mundanus, quod ita cito spiritualis effectus fuit. 
22 Et in hiis omnibus et in aliis omnibus operibus usque in finem perseverantes (cfr. Mat 10,22) ambo mortui sunt infra paucos dies. 
23 Et factus est planctus magnus super eos propter odorem bone vite, quem dederunt toto tempore vite sue, laudando et benedicendo (cfr. Luc 24,53) Domino, qui dedit gratias et candorem et concordiam ipsis in vita in servitio suo; 
24 et in morte non sunt separati (cfr. 2Re 1,23), quoniam unus post alterum mortuus est. 
25 Nam usque in hodiernum diem narratur memoria eorum sicut sanctorum ab illis qui cognoverunt ipsos.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Perusina - 27

27. A conversão de um marido

1 Certa vez, quando o bem-aventurado Francisco ia para Celle de Cortona, aconteceu que, quando passava pelo caminho ao pé de um castro chamado Limisiano, perto do lugar dos frades de Prégio, uma senhora nobre do mesmo castro veio com muita pressa para falar com o bem-aventurado Francisco. 
2 Quando um dos companheiros do bem-aventurado Francisco viu aquela senhora tão cansada do caminho vindo tão apressada, correu disse ao bem-aventurado Francisco: 
3 “Pai, pelo amor de deus esperemos essa senhora, porque vem atrás de nós, e está muito cansada pelo desejo de falar conosco”. 
4 O bem-aventurado Francisco, homem cheio de caridade e de piedade, esperou-a. 
5 Mas quando a viu fatigada e vindo com grande fervor de espírito e devoção, disse-lhe: “Que desejas, senhora?”. 
6 Ela lhe respondeu: “Pai, rogo que me bendigas”. 
7 O bem-aventurado Francisco lhe disse: “És casada ou solteira?”. 
8 E ela: “Pai, faz tempo que o Senhor me deu a boa vontade de servi-lo. 
9 Tive e tenho um grande desejo de salvar minha alma, mas tenho um marido tão cruel e contrário a mim e a ele mesmo no serviço de Cristo; por isso minha alma se aflige com muita dor e angústia até a morte”. 
10 O bem-aventurado Francisco, considerando o fervoroso espírito que ela tinha, e principalmente que era jovem e delicada segundo a carne, moveu-se de piedade por ela, abençoou-a e lhe disse:. 
11 “Vá e, quando encontrar teu marido em casa, dize-lhe de minha parte que rogo a ele e a ti por amor daquele Senhor que para nos salvar suportou a paixão da cruz, que salveis vossas almas em vossa casa”. 
12 Quando ela voltou e entrou em casa, encontrou o marido em casa, como lhe dissera o bem-aventurado Francisco. 
13 E o marido lhe disse: “De onde vens?”. 
14 E ela: “Venho do bem-aventurado Francisco, que me abençoou, e em suas palavras minha alma ficou consolada e alegre no Senhor”. 
15 Além disso me disse que, de sua parte, eu te dissesse e rogasse que em nossa casa salvemos nossas almas”. 
16 Quando disse isso, na mesma hora a graça de Deus desceu sobre ele, pelos méritos do bem-aventurado Francisco. 
17 Ele lhe respondeu com muita bondade de mansidão, tão rapidamente mudado e renovado pelo Senhor: “Senhora, agora vamos fazer como te aprouver o serviço de Cristo e vamos salvar nossas almas, como disse o bem-aventurado Francisco. 
18 E sua esposa lhe disse: “Senhor, eu acho bom que vivamos em castidade, porque é muito grata ao senhor e é uma virtude de grande remuneração”. 
19 Respondeu-lhe o marido: “Senhora, se te agrada, a mim agrada”. 
20 Pois nisso e em outras boas obras quero unir minha vontade à tua vontade”. 
21 E a partir daí viveram muitos anos em castidade, fazendo muitas esmolas aos frades e aos outros pobres, de modo que não só os seculares mas também os religiosos se admiravam de sua santidade, principalmente porque aquele homem era muito mundano e se tornara rapidamente espiritual. 
22 E tendo perseverado em tudo isso e em todas as outras obras boas, morreram os dois com diferença de poucos dias. 
23 Por causa deles houve uma grande lamentação, pelo odor da boa vida, que deram durante todo o tempo de suas vidas, louvando e bendizendo ao Senhor, que lhes deu graças, candor e concórdia a vida a seu serviço; 
24 e não foram separados na morte, porque morreu um depois do outro. 
25 Pois até o dia de hoje conta-se a sua memória como de santos, pelos que os conheceram.