Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 3

PRIMUM OPUS

Incipit “memoriale in desiderio animae (cfr. Is 26,8)” de gestis et verbis sanctissimi patris nostri Francisci.

De conversione eius.

Caput I - Qualiter vocatus est prius Ioannes, postea Franciscus; quod mater prophetavit de ipso, et quod etiam de se ipso futura praedixit, et de patientia in vinculis. 


1 Franciscus, servus et amicus Altissimi, cui divina providentia hoc vocabulum indidit, ut ex singulari et insueto nomine opinio ministerii eius toti citius innotesceret orbi, a matre propria Ioannes vocatus fuit, cum de filio irae (cfr. Eph 2,3), ex aqua et Spiritu Sancto renascens (cfr. Ioa 3,5), gratiae filius est effectus. 
2 Quae mulier, totius honestatis amica, quoddam virtutis insigne praeferebat in moribus, sanctae illius Elisabeth, tam impositione nominis ad filium (cfr. Luc 1,57-63) quam et spiritu prophetali, aliquo similitudinis privilegio gaudens. 
3 Nam Francisci magnanimitatem et morum honestatem admirantibus convicinis, quasi divino instructa oraculo, sic aiebat: “Quid putatis is-te filius meus erit (cfr. Luc 1,66)? Meritorum gratia, Dei filium (cfr. Mat 5,9) ipsum noveritis affuturum”. 
4 Haec revera nonnulorum erat opinio, quibus, grandiusculus factus, studiis valde bonis placebat Franciscus. 
5 Relegabat semper a se omne quod apud aliquem sonaret iniuriam, et urbanis adolescens moribus, omnibus videbatur non illorum parentum, qui dicebantur eius, prosapia genitus. 
6 Ioannis proinde nomen ad opus ministerii pertinet quod suscepit, Francisci vero ad dilatationem famae suae, quae de ipso, iam plene ad Deum converso, ubique cito pervenit. 
7 Celeberrimum ideo supra omnium festa sanctorum festum Ioannis Baptistae ducebat, cuius dignitas nominis mysticae virtutis impressit sibi vestigium. 
8 Illo inter natos mulierum non surrexit maior (cfr. Mat 11,11), isto inter fundatores religionum non surrexit perfectior. 
9 Observatio certe digna praeconio.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 3

PRIMEIRO LIVRO

Começa a “recordação pela qual a alma aspira a” dos feitos e palavras de nosso pai São Francisco.

De sua conversão. 

Capítulo 1 - Como foi primeiro chamado de João, depois de Francisco, o que também ele profetizou que ia acontecer a seu respeito, e da paciência na prisão.


1 Servo e amigo do Altíssimo, Francisco recebeu esse nome por providência divina, para que, por sua singular originalidade, mais rapidamente se difundisse por todo o mundo o conhecimento de sua missão. Recebeu de sua mãe o nome de João quando deixou de ser filho da ira para ser filho da graça, ao renascer da água e do Espírito Santo c. 
2 Essa mulher, modelo de retidão, era de uma virtude notável, e teve o privilégio de se parecer com Santa Isabel, tanto pelo nome que deu ao filho como pelo espírito profético. 3 Pois, quando os vizinhos se admiravam da grandeza de alma e da integridade de Francisco, dizia, como que inspirada: “Quem vocês pensam que vai ser este meu filho? Ainda vão ver que, pelos seus merecimentos, vai ser um verdadeiro filho de Deus”. 
4 De fato, era essa a opinião de várias pessoas quando, já mais grandinho, Francisco conquistou a simpatia de todos por seus bons esforços. 
5 Sempre afastava de si tudo que pudesse parecer injúria para alguém e, como um adolescente bem educado, parecia a todos que não era descendente da linhagem daqueles que eram conhecidos como seus pais. 
6 Por isso o nome João convém à missão que recebeu, mas Francisco convinha melhor à difusão de sua fama que, quando ele se voltou plenamente a Deus, chegou rapidamente a toda parte. 
7 Para ele a festa mais importante entre as de todos os santos era a de São João Batista, cujo nome insigne o havia marcado com uma força mística. 
8 Entre os nascidos de mulher não apareceu nenhum maior do que o primeiro (cfr. Mt 11,11); entre os fundadores de Ordens não houve nenhum mais perfeito do este. 
9 Esta observação merece certamente ser proclamada.