Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Legenda Maior

TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - VIII,7

7 
1 Iter enim faciens iuxta civitatem Senensem, invenit in pascuis magnum ovium gregem. 
2 Quas cum benigne, ut erat solitus, salutasset, relicto pastu, cucurrerunt omnes ad eum, levantesque capita sua, erectis in eum luminibus intendebant. 
3 Tantum quidem ei fecerunt applausum, ut et pastores mirarentur et fratres, cernentes circa ipsum tam ovium agnos quem ipsos arietes sic mirabiliter exsultantes. 
4 Alio quoque tempore apud Sanctam Mariam de Portiuncula quaedam viro Dei fuit ovis oblata, quem propter innocentiae ac simplicitatis amorem, quas ovis natura praetendit, gratanter suscepit. 
5 Monebat vir pius oviculam, ut et laudibus divinis intenderet et ab omni fratrum offensa caveret; ovis autem, quasi viri Dei pietatem adverteret, informationem ipsius sollicite observabat. 
6 Nam audiens fratres in choro cantare, et ipsa ecclesiam ingrediens, sine alicuius informatione flectebat genua, vocem balatus emittens ante altare Virginis, Matris Agni, ac si eam salutare gestiret. 
7 Insuper, et cum elevaretur sacratissimum Christi corpus inter Missarum solemnia, flexis curvabatur poplitibus, tamquam si reverens pecus de irreverentia indevotos argueret Christoque devotos ad Sacramenti reverentiam invitaret. 
8 Tempore quodam agniculum in Urbe secum habuerat ob reverentiam illius mitissimi Agni, quem nobili matronae, dominae scilicet Iacobae de Septem Soliis, in suo recessu conservandum commisit. 
9 Agnus vero, quasi in spiritualibus eruditus a sancto, dominae ad ecclesiam eunti, stanti et revertenti societate inseparabili cohaerebat. 
10 Si matutinali hora domina tardaret exsurgere, agnus consurgens impellebat eam cornulis et balatibus excitabat, gestibus adhortans et nutibus, ut ad ecclesiam properaret. 
11 Propter quod agnus, Francisci discipulus, devotionis iam magister effectus, ut mirabilis et amabilis a domina servabatur.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - VIII,7

7 
1 Caminhando pelos arredores de Sena, encontrou no pasto um grande rebanho de ovelhas. 
2 Como ele as saudou bondosamente, como era seu costume, elas pararam de pastar e correram todas para ele, levantando a cabeça e dirigindo seus olhos para ele. 
3 Fizeram-lhe tanta festa, que os pastores e os frades ficaram admirados, vendo que estavam admiravelmente exultantes ao seu redor tanto os cordeiros das ovelhas quanto os próprios carneiros. 
4 Em outra ocasião, em Santa Maria da Porciúncula, ofereceram ao homem de Deus uma ovelha, que ele recebeu muito agradecido por causa do amor da inocência e da simplicidade, que a ovelha manifesta por sua natureza. 
5 O homem piedoso recomendava à ovelha que se dedicasse ao louvor divino e tomasse cuidado para não causar transtorno aos frades, e ela, como se compreendesse a piedade do homem de Deus, observava solicitamente o que ele tinha dito. 
6 Pois ouvindo os frades cantarem no coro, ela também entrava na igreja e, sem que ninguém tivesse ensinado, dobrava os joelhos soltando seus balidos diante do altar da Virgem Mãe do Cordeiro, como se a estivesse saudando. 
7 Até mais, quando era elevado o sacratíssimo Corpo de Cristo durante a celebração da missa, curvava os joelhos, como se o animal reverente chamasse a atenção dos sem devoção por sua irreverência e convidasse os devotos a reverenciar o Sacramento. 
8 Teve, certa vez, em Roma, um cordeirinho por reverência ao mansíssimo Cordeiro, e entregou-o à nobre matrona, Dona Jacoba de Settesoli, para conservá-lo em sua casa. 
9 O cordeiro, como se tivesse aprendido com o santo as coisas espirituais, fazia uma companhia inseparável à senhora quando ia à igreja, enquanto ficava lá, e quando voltava. 
10 Se, de manhã, a senhora custasse para levantar-se, o cordeiro subia, empurrava-a com seus chifrinhos e acordava com seus balidos, exortando-a com gestos e sinais que devia apressar-se para ir à igreja. 
11 Por isso a senhora guardava esse cordeiro como um discípulo de Francisco, admirável e amável, tornado já um mestre de devoção.