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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 14

14 Volens enim religionem suam intitulari titulo paupertatis, a bonae memoriae Innocentio tertio paupertatis privilegium postulavit. Qui vir magnificus tanto virginis fervori congratulans, singulare dicit esse propositum, quod nunquam tale privilegium a Sede Apostolica fuerit postulatum. Et ut insolitae petitioni favor insolitus arrideret, Pontifex ipse cum hilaritate magna petiti privilegii sua manu conscripsit primam notulam. 
Felicis recordationis dominus Papa Gregorius, vir sicut sede dignissimus, ita et meritis venerandus, paterno affectu sanctam istam arctius diligebat. Cui cum suaderet ut propter eventus temporum et pericula saeculorum aliquas possessiones assentiret habere quas et ipse liberaliter offerebat, fortissimo animo restitit, et nullatenus acquievit. Ad quam respondente Pontifice: Si votum formidas, nos te a voto absolvimus: Sancte pater, ait, nequaquam a Christi sequela in perpetuum absolvi de-sidero. 
Eleemosynarum fragmina, panumque minutias quas eleemosynarii comportabant, valde suscipiebat hilariter et quasi moesta de panibus integris, exultabat potius in fragmentis. 
Quid multa? Satagebat pauperi Crucifixo paupertate perfectissima conformari, ut nulla res peritura amantem ab amato secluderet, aut cursum eius cum Domino impediret. Occurrunt, ecce, duo miranda, quae paupertatis amatrix meruit operari.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 14

14 Querendo destacar sua Ordem com o título da pobreza, solicitou de Inocêncio III, de feliz memória, o privilégio da pobreza. Esse varão magnífico, congratulando-se por tão grande fervor da virgem, disse que o pedido era raro, pois jamais tal privilégio tinha sido pedido à Sé Apostólica. E para corresponder ao insólito pedido com insólito favor, o Pontífice redigiu de próprio punho, com muito gosto, o primeiro rascunho do pretendido privilégio. 
O senhor papa Gregório, de feliz memória, digno de veneração pelos méritos pessoais e mais ainda pelo cargo, amava com especial afeto paterno a nossa santa. Quando tentou convencê-la a aceitar algumas propriedades que oferecia com liberalidade pelas circunstâncias e perigos dos tempos, ela resistiu com ânimo fortíssimo e não concordou, absolutamente. Respondeu o Papa: “Se temes pelo voto, nós te desligamos do voto”, mas ela disse: “Pai santo, por preço algum quero ser dispensada de seguir Cristo para sempre”. 
Recebia muito alegremente as esmolas em fragmentos e os pedacinhos de pão levados pelos esmoleres. Parecia ficar triste ao ver pães inteiros e pulava de alegria diante dos restos. 
Para que falar tanto? Ela se esforçava por conformar-se na mais perfeita pobreza com o pobre Crucificado, para que nada de perecível afastasse a amante do amado ou a impedisse de correr com o Senhor. Conto dois casos admiráveis que a namorada da pobreza mereceu realizar.