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Testamento de Santa Clara - Introdução

As Clarissas liam, havia muito tempo, o Testamento de Clara junto com sua Regra, mas esse documento não tinha uma tradição bem documentada. Só se conhecia uma cópia feita por Lucas Wadding em 1628, de um “memorial antigo”, que ele nem identifica melhor. Por isso, foi contestado por alguns estudiosos. Depois de 1976 foram se acumulando referências mais antigas e mesmo alguns códices, como os de Messina, Upsala, Madri e Urbino, que remontam ao século XIV. Hoje em dia, a autenticidade é reconhecida por quase todos os críticos e o texto é bem mais garantido. Para o livro das Fontes Clarianas, usamos o texto e a numeração de M.F. Becker, J.F. Godet, T.Matura, Claire d’Assise: Écrits, Paris, Les Editions du Cerf, 1985. Para este programa na Internet, confrontamos com a edição de “Fontes Franciscani”. 

Também houve muitas discussões quanto ao tempo em que o Testamento pode ter sido escrito. Parece certo que Clara o ditou depois de 6 de agosto de 1247, quando Inocêncio IV publicou a sua Regra permitindo propriedades. Mas também pode ter feito retocar o escrito até seu último ano de vida, 1253. Clara não alude à Regra, mas é bom lembrar que ela só conseguiu a aprovação papal de sua Forma de Vida dois dias antes de morrer, e o Testamento era um documento com que ela podia garantir os principais valores de sua família. 

A idéia de fazer um testamento pode ter sido tomada do de São Francisco, mas Clara é totalmente original. Celebra o Senhor por sua vida e por sua vocação e exorta as Irmãs a serem fiéis. Faz uma recordação muito pessoal de sua conversão e dos primeiros passos da Ordem. Afirma com decisão o compromisso com a pobreza absoluta. Insiste sobre o clima de fraternidade evangélica com serviço mútuo. Faz uma reflexão sobre a fé. Exorta à oração e à perseverança e termina com uma bênção. Clara quer deixar uma exortação que mantenha estável sua fundação. 

Apesar de ser um documento preocupado com a “forma de vida” das Irmãs Pobres, é também autobiográfico e já tem um valor bem maior que o da “Regra” para demonstrar a personalidade ímpar e a espiritualidade da grande mãe da família franciscana. Ela se declara uma simples “plantinha", sem poder esconder que é uma estrela de primeira grandeza, com luz semelhante à de São Francisco, mas bem própria. Para este nosso trabalho de internet estaremos usando a sigla TestC