Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 33

33.

1 Multa quoque in hunc modum saepius faciebat, ut et semetipsum perfecte contemneret, et ad sui contemptum caeteros provocaret.

2 Sed et hic verissimus sui contemptor, cum non immerito magnificaretur ab omnibus (cfr. Luc 4,15), mirabiliter favorem hominum, solus se vilissimum reputans, arcebat pro foribus.

3 Cum enim extolli se laudibus humanis audiret, alicui fratrum per obedientiam, graviter hoc ferens, iniunxit ut viliter ipsum a latere verbis contumeliosis afficeret, et adversus laudantium mendacia veritatis verba proferret.

4 Quem dum frater invitus rusticum et mercenarium inutilem appellaret, sanctissimus ille iucundo applausu subrisit

5 et sic exprobranti respondit: “Benedicat tibi Dominus (cfr. Ps 127,5), fili carissime, quia verissima loqueris, et talia filium Petri de Bernardone decet audire!”

6 Cupiens quoque se perfecte vilem ab omnibus reputari, peccata sua non erubuit in praedicatione publica confiteri;

7 sed et, si quid sinistri surreperet levi cogitatione de aliquo, id ipsum eidem de quo cogitaverat confitens, humiliter veniam postulavit ab illo.

8 Ex hoc ipso etiam leviter advertenti patebit, qualiter vir iste murmurationis et detractionis verba vitavit.

9 Quid plura? In omni genere perfectionis usque ad summum apicem pertingere cupiens, favorem summopere devitabat humanum,

10 et ut conscientia teste vas sanctificationis interius possideret (cfr. 1The 4,4), factus est sibimetipsi exterius tamquam vas perditum (cfr. Ps 30,13).

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 33

33.

1 Também eram muitas coisas que assim fazia muitas vezes, tanto para se desprezar perfeitamente como para levar os outros a desprezá-lo.

2 Mas, verdadeiro desprezador de si mesmo, com razão era aclamado por todos (Lc 4,15) e, sendo o único a se considerar o mais vil, admiravelmente e com todas as forças repelia o favor dos ho­mens.

3 Quando ouvia que as pessoas o louvavam, não podendo suportar isso, ordenava, sob obediência, que um dos irmãos lhe dirigisse, ao mesmo tempo e com força, palavras injuriosas e, as­sim, falasse a verdade contra as mentiras daqueles que o louva­vam.

4 Quando, contra a vontade, o irmão o chamava de grosseiro e inútil mercenário, o santíssimo homem o aprovava satisfeito

5 e respondia ao que o insultava: “O Senhor te abençoe (cf. Sl 127,5), filho caríssimo, porque falas o que é certo. É isso que o filho de Pedro de Bernardone tem que ouvir!”

6 Também, querendo que todos vissem nele um perfeito vilão, não se envergonhava de confessar seus pecados em público na pregação;

7 e se chegasse a pensar por leviandade algum mal de outro, confessava humildemente a culpa e lhe pedia perdão,

8 Isso demonstra a quem o observar mesmo de leve quanto esse homem evitava palavras de murmuração ou de detração.

9 Que mais? Desejando chegar ao ponto mais alto de toda espécie de perfeição, evitava ao máximo o favor humano;

10 e para possuir interior e conscientemente um vaso de san­tificação (1Ts 4,4), exteriormente apresentou-se como um vaso quebrado (Sl 30,13).