Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Juliano de Spira
  • Vida de São Francisco

TEXTO ORIGINAL

Vita Sancti Francisci - 24

24.

1 Verum qualiter ipse beatus Franciscus Ordinem Fratrum Minorum in omni virtutum culmine magnifice supererogando servaverit, qualiterve ad omnia, quae sunt verae religionis, suos fratres et filios informaverit, quis enarrare per singula poterit?

2 Nam in omnibus, quae perfecta sunt doctrice Spiritus sancti gratia sufficienter instructus, omnem in semetipso perfectionem voluit experientia teste cognoscere;

3 et sic fratres omnia primum factis edocuit, quae et postmodum ipsos frequentia melliflui sermonis admonuit.

4 Qualiter autem et fratres, sub tanto duce personaliter militantes, ad illius exemplum et doctrinam in omni perfectione profecerint, potius arbitror subticendum, quem diminute etiam cum sermonis prolixitate dicendum.

5 Summa namque vigilantia vir beatus super suam suorumque custodiam stabat (cfr. Is 21,8);

6 summa continue diligentia praecavebat, ne non solum forsitan aliquem manifestum peccati paterentur incursum, verum etiam neque latens cogitatio germinaret in vitium,

7 sed et ne quis sub virtutis specie vel necessitatis occasione se dolus ingereret, aut per incautas exteriorum sensuum aperturas ad interiorem forsitan hominem mors intraret.

8 Non est passus in se vel in aliis, ut quidquam disciplina plectendum impune transiret, ne forte remissa manus negligentiae torporem induceret.

9 Tantum quippe in seipso iustitiae rigorem exercuit, quod, si quando, ut assolet, tentatio carnis surreperet, hiemali tempore in locum glacie vel nivibus plenum usque ad illiciti motus abscessum se mergeret.

TEXTO TRADUZIDO

Vida de São Francisco - 24

24.

1 Na verdade, quem poderia descrever em por­menores como o bem-aventurado Francisco pro­tegeu a Ordem dos Frades Menores, sobressaindo magnifica­mente no cume de todas as e educando seus irmãos e fi­lhos em tudo o que se refere à verdadeira vida religiosa?

2 Pois, instruído em tudo que é perfeito pelo ensino da graça do Espírito Santo, quis conhecer toda a perfeição, como o atesta a experiência;

3 e assim, ensinou os frades primeiro com fatos o que depois admoestou com freqüentes e doces palavras.

4 Mas como foi que esses frades, militando pessoalmente sob tão grande comandante, progrediram com seu exemplo e doutrina em toda a perfeição, acho melhor calar do que falar pouco mesmo usando muitas palavras.

5 Porque o bem-aventurado exercia a maior vigilância sobre a guarda de si mesmo e dos seus (Is 21,8; Hab 2,1);

6 e mantinha uma vigilância contínua não só para não caírem em algum pecado manifesto, mas também para que nenhum pensamento oculto degenerasse em vício;

7 e ainda para que não aparecesse nenhum engano com desculpa de virtude ou a pretexto de necessidade, nem entrasse a morte do homem interior por aberturas descuidadas dos sentidos exteriores.

8 Nem em si nem nos outros permitia que ficasse impune alguma coisa que devia ser subjugada pela disciplina, para que a mão tolerante não desse lu­gar ao torpor da negligência.

9 Impôs a si mesmo uma justiça tão rigorosa que, se houvesse uma tentação da carne, como acontece, mergulhava no inverno e, algum lugar cheio de gelo ou de neve até acabar com o impulso ilícito.