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TEXTO ORIGINAL

Cronica de Frei Tomás de Eccleston - 132

132. Cum vellent quidam fratres, quod nullo modo contraherentur debita, dixit frater Willelmus mihi, quod non debuerunt fratres obligare se aliquo modo ad solutionem nec tempus certum praefigere solutionis, sed poterant licite obligare suam sollicitudinem, quod operam fidelem darent, ut fieret solutio.

Dixit etiam quod in centum casibus possent fratres licite contrahere debita. Dixit quoque quod non peccaret frater, si per manum suam dispensaret pecuniam alienam in eleemosyna. 
Frater Willelmus dixit, quod cum diutius moraretur in conventu Romae, et fratres nullam pitantiam haberent nisi castaneas, ita impinguatus est, ut plurimum erubesceret.

Praeterea idem dixit mihi, quod cum nutriretur in domo patris sui, et venirent pueri pauperes precantes eleemosynas, dedit eis de pane suo et accepit frustum ab eis, quia videbatur ei, quod suavior fuit panis durus, qui petebatur pro amore Dei, quam delicatus, quo ipse vescebatur et sodales sui; unde ut suum tam suavem facerent, ibant pueruli et petebant ad invicem pro amore Dei.

Dixit insuper quod oportuit eum post visitationem ludere parum, ut averteret memoriam ab auditis. Ipse dixit mihi, quod suscitaret dulcis Jesus ordinem novum ad excitationem nostram, quod puto impletum in ordine de Poenitentia Jesu Christi.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Frei Tomás de Eccleston - 132

132. Como alguns frades não queriam de modo algum que se contraíssem dívidas, disse-me Frei Guilherme que os irmãos não deviam obrigar-se de alguma forma a saldar dívidas nem prefixar tempo certo de saldá-las, mas podiam licitamente empenhar seu esforço em dedicar-se fielmente para que se a quitação fosse feita.

Disse também que em cem casos os frades podiam contrair dívidas licitamente. E que o frade não pecaria se por sua mão repartisse o dinheiro alheio em esmola. Frei Guilherme disse que, quando morou por mais tempo no convento de Roma e os irmãos não tinham nenhuma comida a não ser castanhas, engordou tanto que muito se envergonhava.

Além disso, disse-me que, quando estava comendo na casa de seu pai e vinham meninos pobres a pedir esmolas, dava-lhes de seu pão e aceitava deles um pedaço, porque lhe parecia mais saboroso o pão duro que era pedido por amor de Deus do que o macio com o qual se alimentavam ele e seus familiares; por isso, os meninos, para tomarem o seu pão tão saboroso, iam e pediam-no um ao outro por amor de Deus.

Disse, ademais, que depois da visitação precisava brincar um pouco para se esquecer do que tinha ouvido. E disse que o amado Jesus suscitava uma nova Ordem para nosso estímulo, o que julgo que foi realizado na Ordem da Penitência de Jesus Cristo.