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TEXTO ORIGINAL

Chronica Fratris Iordani - 59

59 Frater vero Jordanus in Theutoniam rediens venit ad fratrem Thomam de Celano; qui gavisus dedit ei de reliquiis beati Francisci. Frater vero Jordanus cum venisset Herbypolim, mandavit fratribus sue custodie, ut si ei loqui necesse haberent, occurrerent ei in Ysenaco, quia inde erat transiturus. Gavisi ergo fratres ad locum designatum convenerunt dantes portario in mandatis, ut fratrem Jordanum venientem non intromitteret, sed prius ipsis denunciaret.
Veniens ergo frater Jordanus ad portam et pulsans non est intromissus, sed portarius ad fratres currens nunciavit ipsis fratrem Jordanum ad portam stare. Qui remandaverunt ei, quod per portam intrare non posset, sed per ecclesiam. Fratres vero in spiritu exultantes intrantes chorum cruces et thuribulum et palmarum ramos et candelas ardentes tollentes in manibus bini et bini processionaliter ecclesiam extra chorum intraverunt. Et e regione sese ordinantes valvas ecclesie aperuerunt et fratrem Jordanum intromittentes ipsum cum tripudio et gaudio receperunt, cantando responsorium “Hic est fratrum amator” (2 Mach 15,14).
Attonito autem fratre Jordano super novo modo recipiendi et manu innuente, ut tacerent, ipsi quod inceperant cum iubilo compleverunt. Super quo cum frater Jordanus stupidus miraretur venit sibi in memoriam, quod reliquias beati Francisci, quas pre stupore oblivioni tradiderat, apud se haberet. Et exultans in spiritu completo cantu dixit: Gaudete fratres, quia scio quod non me ut me, sed in me patrem nostrum beatum Franciscum, qui me tacente vestrum spiritum in sui presencia excitavit, cuius reliquias apud me habeo, collaudastis”.
Et extractis reliquiis de gremio eas posuit in altari. Et ex tunc frater Jordanus beatum Franciscum, quem in presenti [vita] viderat et ob hoc quiddam ei humanitatis acciderat, in maiori reverencia cepit habere et honore, cum videret, quod Deus corda fratrum Spiritu sancto inflammando eius reliquias apud se latere noluerit.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Jordão de Jano - 59

59 Quando Frei Jordão voltou para a Alemanha, foi ter com Frei Tomás de Celano; este, alegre, deu-lhe algumas das relíquias do bem-aventurado Francisco. Quando Frei Jordão chegou a Würzburg, ordenou aos frades de sua custódia que, se tivessem necessidade de falar-lhe, fossem encontrá-lo em Eisenach, por­que passaria por lá. Alegres, os frades foram todos juntos ao lugar designado, dando ao porteiro ordens para que não fizesse entrar Frei Jordão, quando ele chegasse, mas que antes lhes anunciasse.
Então, quando Frei Jordão chegou e bateu à porta, não foi levado para dentro, mas o porteiro, correndo até aos ir­mãos, anunciou-lhes que Frei Jordão estava à porta. Eles de novo lhe ordenaram que não podia entrar pela por­taria, mas pela igreja. Os irmãos, exultando em espírito, entraram no coro e, tomando nas mãos cruzes, turíbulo, ramos de palmei­ras e velas acesas, entraram processionalmente, dois a dois, na igreja, na parte fora do coro. Colocando-se um frente ao outro, abriram as portas da igreja e, fazendo entrar Frei Jordão, rece­beram-no com festa e júbilo, cantando o responsório: “Hic est fratrum amator” (Este é o que ama os irmãos) (2 Mac 15,14).
Estando Frei Jor­dão atônito pelo novo modo de acolher e fazendo sinal com a mão para se calarem, eles concluíram com júbilo o que haviam começado. Como Frei Jordão, estupefato, se admirasse disso, veio-lhe à memória que tinha consigo as relíquias do bem-aven­turado Francisco, que, pela da estupefação, ele relegara ao esquecimento. E exultando em espírito, depois de concluído o canto, ele disse: “Alegrai-vos, irmãos, porque sei que não lou­vastes propriamente a mim, mas, em mim, louvastes o nosso bem-aventurado pai Francisco que, enquanto eu me calava, infla­mou vosso espírito pela sua presença: tenho comigo as suas relíquias”.
Tirando as relíquias do peito, colocou-as sobre o altar. Desde então, Frei Jordão começou a ter maior reverência e honra pelo bem-aventurado Francisco, a quem ele conhecera na [vida] presente. Por esse motivo, algo muito hu­mano tinha acontecido com ele, ao perceber que Deus, inflamando com o Espírito Santo os corações dos frades, não queria que ficassem escondidas consigo as relíquias dele.