Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Chronica Fratris Iordani - 48

48. Eodem etiam anno [1225] frater Jacobus custos Saxonie in nova civitate Magdeburg fundavit ecclesiam fratrum Minorum et ipsam in exaltacione sancte Crucis fecit a domino Alberto eiusdem loci archiepiscopo consecrari. Qua consecrata omnem ornatum altaris dominus archiepiscopus liberaliter fratribus dereliquit. Frater vero Jacobus iam dictus, cum quadam die infra octavam dedicacionis in ecclesia fratrum missam diceret, ea finita in tantum cepit debilitari, ut deportaretur in hospicium fratrum, quod tunc fratres in civitate veteri habebant iuxta sanctum Petrum. Adhuc enim fratrAVes in nova civitate preter ecclesiam edificia non habebant. Et ibidem 12 Kal. Octobris migravit ad Dominum, que est in vigilia beati Mathei. Fratres vero vix habentes locum sepulture et usum sepeliendi non habentes habita deliberacione, quid facerent, maxime propter concilium [quod] instabat in festo Mauricii celebrandum, ad quod iam multi episcopi convenerant, decreverunt, ut ad dominum episcopum Hildensemensem [accederent], quia fratrem Jacobum velud patrem venerabatur. Dederat enim mandatum familiae suae, ut siveormiret sive aliud quid ageret, si fratres sibi loqui vellent, sibi dicerent. Episcopo vero iam dormiente excitato, dictum est ei, quod frater Iacobus iam obiisset. Super quo compunctus flevit et dixit: “Ecce hoc est somnium, quod iam vidi”, et addidit: “Ego veniam et sepeliam eum”. Viderat enim in somnis quendam mortuum in albis indutum sive involutum, et dictum esse sibi; “Vade et solve ipsum”! Et corpore delato ad ecclesiam fratrum in nova civitate, quam ipsemet frater lacobus fundaverat et dedicari fecelrat, in ipsa honorifice est sepultus. Sed anno Domini 1258 ossa eius et fratris Simonis Anglici, primi lectoris in Magdeburg et tertii ministri, in antiqua civitate, ubi nunc fratres manent, translatis fratribus, sunt translata et ibidem sepulta.

TEXTO TRADUZIDO

Crônica de Jordão de Jano - 48

48. Ainda no mesmo ano [1225], Frei Tiago, custódio da Saxônia, construiu na cidade nova de Magdeburgo a igreja dos Frades Menores e fez com que ela fosse consagrada pelo Dom Alberto, arcebispo do lugar, na Exaltação da Santa Cruz. Depois que ela foi consagrada, o senhor arcebispo deixou gene­rosamente aos irmãos toda a ornamentação do altar. Frei Tiago, de quem já falamos, ao rezar a missa na igreja dos frades num dia den­tro da oitava da dedicação, quando terminou a missa, começou a ficar tão fraco tanto que foi levado à hospedaria que os frades tinham então na cidade velha perto, de São Pedro. Porque, na verdade, os frades ainda não tinham outros edifícios na cidade nova além da igreja. E aí, no dia 20 de setembro, que é a vigília de São Mateus, ele migrou para o Senhor.
Os frades, que só tinham o lugar para a sepultura, mas não tinham a prática de se­pultar, tendo deliberado sobre o que fazer, principalmente por causa do concílio prestes a ser celebrado na festa de São Maurício, concílio ao qual muitos bispos já haviam com­parecido, resolveram dirigir-se ao senhor bispo de Hildesheim, porque ele venerava Frei Tiago como a um pai. Ele dera ordem aos de sua casa que, se os irmãos quisessem falar-lhe, mesmo se ele estivesse dormindo ou fazendo qualquer outra coisa, o notifi­cassem. Acordado o bispo, que já dormia, foi-lhe avisado que Frei Tiago já tinha morrido.
Aflito por isso, ele chorou e disse: “Foi esse o sonho que tive”. E acrescentou: “Irei e vou sepultá-lo”. Pois vira em sonhos um morto vestido ou envolto de branco, e foi-lhe dito: “Vai e o solta”. E, depois que o corpo foi transportado para a igreja dos frades na cidade nova, igreja que o mesmo Frei Tiago tinha fundado e mandado dedicar, e nela foi sepultado com honra. Mas, no ano do Senhor de 1238, seus ossos e os do inglês Frei Simão, primeiro lente de Magdeburgo e terceiro ministro, foram translada­dos para a cidade velha, onde os frades moram agora, e aí mesmo sepultados, porque os frades também tinham sido transladados.