Speculum Perfectionis (minus) - 34

[34]
¹ Quadam nocte beatus Franciscus tantum fuit doloribus infirmitatum pregravatus, quod fere in illa nocte quiescere nec potuit nec dormire. ² Mane cessante aliquantulum dolore fecit vocari omnes fratres presentes, et illis sedentibus coram ipso consideravit et prospexit eos in personis omnium fratrum. ³ Et incipiens ab uno fratre benedixit eos omnes imponens dexteram manum in capitibus (cfr.  Gen 48,17)singulorum, benedixitque omnes fratres, qui erant in religione, et qui venturi erant (cfr.  Ioa 1,15) usque infinem seculi  (cfr.  Dan 7,18); ⁴ et videbatur competi sibi ipsi eo quod non poterat videre filios et fratres suos ante mortem suam.
⁵ Postea iussit apportari coram se panes et benedixit (cfr. Mat 26,26) eos; ⁶ et; quia propter infirmitatem frangere non poterat, fecit a quodam fratre in plurimas particulas frangi, et accipiens particulas unicuique fratrum porrexit particulam precipiens, ut totam manducaret (cfr. Mar 14,22; 1Cor 11,24). ⁷ Nam sicut Dominus feria .V. cum apostolis voluit manducare ante mortem suam, sic quodammodo visum fuit fratribus illis, quod beatus Franciscus ante mortem suam voluit benedicere illis et in eis omnibus aliis fratribus, ⁸ et quod manducarent illum panem benedictum, quasi quodammodo cum ceteris fratribus suis manducarent. ⁹ Et hoc manifeste considerare possumus, quia, cum esset alia dies, quam feria .V., ipse dixit fratribus [quod credebat feriam .V. esse. ¹⁰ Unus ex illis fratribus] reservavit particulam unam de illo pane. ¹¹ Et post mortem beati Francisci aliqui, qui gustaverunt de eo in suis infirmitatibus, liberati sunt statim.
¹² Dicebat beatus Franciscus ad socios, quando sibi statim non obediebatur: “Fratres mei, non deberetis michi rem facere dicere totiens”.

Espelho da Perfeição Menor - 34

[34]
¹ Uma noite, o bem-aventurado Francisco foi tão incomodado pelas as dores das doenças que naquela noite quase não pôde descansar nem dormir. ² De manhã, tendo passado um pouquinho a dor, mandou chamar todos os frades presentes e, estando eles sentados na sua frente, considerou-os e olhou-os como se representassem todos os frades. ³ E, começando por um frade, abençoou a todos, impondo a mão direita na cabeça (cf. Gn 48,17) de cada um, e abençoou todos os frades que estavam na religião e os que entrariam (cf. Jo 1,15) até o fim do mundo (cf. Dn 7,18). ⁴ Parecia sofrer, porque não pudera ver seus filhos e irmãos antes de sua morte.
⁵ Depois, mandou que trouxessem pães e os abençoou (cf. Mt 26,26). ⁶ E já que devido à doença não podia parti-los, mandou que um irmão os partisse em muitos pedacinhos e, tomando os pedacinhos, ofereceu a cada frade uma pequena parte, mandando que a comesse (cf. Mc 14,22; 1Cor 11,24) toda. ⁷ Pois, como na quin­ta-feira o Senhor quis comer com os apóstolos antes de sua mor­te, assim, de certa forma, pareceu aos frades que, antes de sua morte, o bem-aventurado Francisco quis abençoá-los e, neles, todos os outros frades, ⁸ e que comessem aquele pão abençoado, como se de certa for­ma comessem com os outros seus irmãos. ⁹ E claramente pode­mos pensar assim, porque, como era outro dia, não uma quinta-feira, ele disse aos frades que pensava que fosse quinta-feira. ¹⁰ Um da­queles frades guardou uma partícula daquele pão. ¹¹ E depois da morte do bem-aventurado Francisco, alguns que o experimentaram nas suas enfermidades, imediatamente ficaram livres.
¹² Quando não lhe obedeciam imediatamente, o bem-aventurado Francisco dizia aos companheiros: “Meus irmãos, não deveríeis fazer-me repetir a coisa tantas vezes”.