Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Espelho da Perfeição Menor

TEXTO ORIGINAL

Speculum Perfectionis (minus) - 11

[11]
1 Quadam die beatus Franciscus vocavit ad se socios suos dicens: Vos scitis, quemadmodum domina Ia[coba] de .VII. sociis michi et religioni nostre extitit et est fidelis plurimum et devota; 2 quapropter, ut credo, si significaveritis ei statum meum pro magna gratia et consolatione habebit; 3 et specialiter, ut mictat nobis pannum pro una tunica de panno religioso, qui colori cineris assimiletur, et est tanquam pannus, quem faciunt monachi Cistercienses in ultramarinis partibus; 4 mictat etiam de illa comestione, quam pluries fecit michi, cum fui apud Urbem”. 5 Illam autem comestionem dicunt Romani mortariolum, quod fit de amigdalis et zucaro vel melle et aliis rebus.
6 Erat enim illa spiritualis mulier, sancta vidua, Deo devota, de nobilioribus et ditioribus totius Urbis, que tantam gratiam consecuta est a Deo meritis et predicatione beati Francisci, ut videretur altera quasi Magdalena, plena semper lacrimis et devotione pro amore Dei.
7 Et scripta littera sicut dixerat sanctus pater, quidam frater procuraverat invenire aliquem fratrem qui portaret litteram, et statim pulsatum fuit ad portam fratrum, 8 cumque aperiret hostium quidam frater, vidit dominam Iacobam [que venerat] cum festinatione (Luc 1,39) de Urbe ad visitandum beatum Franciscum, 9 et statim quidam frater cum magna letitia ivit ad beatum Franciscum nuntians, qualiter domina Iacoba cum filio suo et aliis multis venerat ad visitandum eum, 10 et ait: “Quid facimus, pater? Dimictimus eam intrare et venire ad te?”. 11 Nam de voluntate beati Francisci statutum fuit in loco in antiquo tempore, propter honestatem et devotionem illius loci, ut nulla mulier deberet intrare claustrum illud. 12 Et ait beatus Franciscus: “Non est observanda hec constitutio in ista domina, quam tam magna fides et devotio de longinquis partibus fecit huc venire”. 13 Et sic introivit ad beatum Franciscum, spargens coram ipso multas lacrimas.
14 Et mirantes quod pannum morticinum, videlicet cinerei coloris, pro tunica et omnia, que scripta erant in littera, ut micteret, secum apportavit, 15 et plurimum admirati sunt inde fratres, considerantes sanctitatem beati Francisci. 16 Immo dixit fratribus domina Iacoba: “Fratres, dictum fuit michi in spiritu, cum orarem: “Vade et visita patrem tuum, beatum Franciscum, et festina et noli tardare, quoniam, si multum tardaveris, non invenies ipsum vivum; 17 insuper talem pannum pro tunica eius portabis et tales res, ut facias ei talem comestionem; similiter pro eius luminaribus in magna quantitate de cera apporta tecum et de incenso similiter”, 18 ut fecit scribi in littera beatus Franciscus, 19 sed Dominus illi domine voluit inspirare pro mercede et consolatione anime sue, ut melius cognoscamus, quante sanctitatis fuerit iste sanctus, quem Pater celestis tanto honore in diebus sue mortis voluit honorare pauperem.
20 Qui regibus inspiravit, ut irent cum [muneribus] ad venerandum et honorandum puerum dilectum Filium suum in diebus nativitatis paupertatis sue, illi nobili domine in remotis partibus voluit inspirare, ut iret ad honorandum et venerandum corpus sanctum et gloriosum sancti servi sui 21 qui tanto amore et fervore in vita et in morte dilexit et secutus est paupertatem dilecti Filii sui.
22 Paravit illa quadam die comestionem illam sancto patri, de qua desideravit comedere; sed parum comedit ex ea quoniam cotidie eius corpus ex infirmitatibus maximis deficiebat et morti appropinquabatur. 23 Similiter fecit fieri multas candelas, ut post eius migrationem coram sancto suo corpore arderent; et de panno, quem pro tunica eius apportavit, fecerunt inde fratres tunicam sibi, cum qua sepultus fuit.
24 Et ipse iussit fratribus, ut deberent consuere saccum super ipsam in signum et exemplum sanctissime humilitatis et paupertatis. 25 Et factum est, sicut placuit Domino, ut in illa ebdomada, in qua venit domina Iacoba, beatus Franciscus migravit ad Dominum.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição Menor - 11

[11]
1 Um dia, o bem-aventurado Francisco chamou seus companheiros e disse: “Sabeis como a senhora Jacoba de Settesogli foi e é muito fiel e devota a mim e à nossa religião. 2 Por isso, creio que se lhe comunicardes o meu estado, ela considerará isso como gran­de graça e consolo; 3 e, especialmente, se lhe disserdes que nos envie o tecido para uma túnica de pano religioso, que se asseme­lhe à cor cinza, e é como o pano feito pelos monges cis­tercienses nas regiões ultramarinas. 4 Que envie também aquele doce que, muitas vezes, ela me fez quando fui a Roma”. 5 Os romanos chamam esse doce de mostaccioli, e é feito de amêndoas, açúcar ou mel e outras coisas.
6 Ora, ela era uma mulher espiritual, uma santa viúva, devota a Deus, de uma das mais nobres e ricas de Roma, que obteve tantas graças de Deus pelos méritos e pela prega­ção do bem-aventurado Francisco que parecia uma segunda Madalena, sempre cheia de lágrimas e de devoção por amor de Deus.
7 Escrita uma carta conforme disse o santo pai, um frade procu­rava encontrar outro frade para levar a carta, quando naquele ins­tante bateram à porta dos frades. 8 Quando um frade abriu a porta, viu a senhora Jacoba, que viera às pressas (Lc 1,39) de Roma para visitar o bem-aventurado Francisco. 9 Logo, com grande alegria, o frade foi ao bem-aventurado Francisco, anunciando que a senhora Jacoba, com seu filho e mui­tos outros, viera visitá-lo. 10 E disse: “Pai, o que fazemos? Permitimos que ela entre e venha a ti?” 11 Pois, por vontade do bem-aventurado Francisco, foi decidido antigamente que, por causa da probidade e devoção daquele lugar, nenhuma mulher deveria entrar naquele claustro.
12 O bem-aventurado Francisco disse: “Esta norma não deve ser observa­da com esta senhora, que tão grande fé e devoção fez vir até aqui de regiões tão distantes”. 13 E assim, ela foi introduzi da até o bem-aventurado Francisco e derramou muitas lágrimas diante dele.
14 E vendo que trouxe consigo o pano mortuário para a túnica, isto é, de cor cinza, e as tudo que estava escrito na carta, 15 os frades ficaram muito admirados, considerando a santidade do bem-aventurado Francisco. 16 Dona Ja­coba disse aos frades: “Irmãos, quando estava a rezar, foi-me dito em espírito: “Vai e visita teu pai, o bem-aventurado Francisco, mas depressa, não demores, porque se demorares muito não o encontrarás vivo. 17 Além disso, levarás tal pano para sua túnica e tais coisas para fa­zeres tal doce. Igualmente, leva contigo uma grande quantidade de cera para suas velas e também incenso”, 18 como o bem-aventurado Francisco mandou escrever na carta. 19 Mas o Senhor quis inspirar aquela se­nhora para graça e consolo de sua alma, para nós conhecermos melhor a santidade que havia nesse santo, que o Pai celeste quis honrar como pobre com tanta honra nos dias de sua morte.
20 Aque­le que inspirou os reis a irem com ofertas para venerar e honrar o menino, seu dileto Filho, nos dias de seu nascimento pobres, quis inspirar aquela nobre senhora em uma região longínqua, para que fosse honrar e venerar o santo e glorioso corpo do seu santo servo 21 que amou com.tanto amor e fervor na vida e na morte e se­guiu a pobreza de seu dileto Filho.
22 Um dia, ela preparou para o santo pai aquele doce que ele desejava comer; mas ele comeu pouco, porque, devido às gravíssi­mas enfermidades, seu corpo definhava dia após dia e a morte se aproximava. 23 Da mesma forma, mandou fazer muitas velas, para que depois de sua migração ficassem acesas diante de seu santo corpo; e do pano que havia trazido para a túnica, os frades lhe fizeram tam­bém uma mortalha com que foi sepultado.
24 E ele mandou que os frades costurassem estopa sobre ela em sinal e exemplo de santíssima humildade e pobreza. 25 E aconteceu que, como agradou ao Senhor, na semana em que veio a senhora Jacoba, o bem-aventurado Francis­co migrou para o Senhor.