Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Espelho da Perfeição Menor

TEXTO ORIGINAL

Speculum Perfectionis (minus) - 10

[10]
1 Beatus Franciscus a tempore sue conversionis usque ad diem mortis semper sollicitus fuit tempore sanitatis et infirmitatis cognoscere et sequi voluntatem Domini. 2 Quadam die quidam frater dixit beato Francisco: “Pater, vita et conversatio tua extitit et est lumen et speculum non solum fratribus tuis, sed etiam universali Ecclesie Dei, et illud idem erit mors tua; 3 quoniam, licet fratribus tuis et quam plurimis aliis tua mors sit dolor et tristitia magna, tibi tamen [erit] consolatio maxima et gaudium infinitum, 4 quia transibis de multo labore ad maximam requiem, de multis laboribus et tentationibus ad gaudium infinitum, de magna paupertate tua, quam semper dilexisti et portasti voluntarie ab initio conversionis tue ad Christum usque ad diem mortis tue, ad maximas et veras et infinitas divitias, de morte temporali ad vitam sempiternam, 5 ubi videbis semper Dominum Deum tuum facie ad faciem (cfr. 1Cor 13,12; Gen 32,30) quam tanto fervore, desiderio et amore in hoc seculo contemplatus es”. 6 Et hiis dictis dixit ei manifeste: “Pater, scias quod si Deus in veritate de celo suam non micteret medicinam corpori tuo, tua infirmitas est incurabilis, et parum vivere debes, sicut medici iam dixerunt. 7 Hoc autem dixi ad confortandum spiritum tuum, ut gauderes semper interius et exterius, maxime ut fratres tui et alii, qui veniunt ad te visitandum, inveniant gaudentem in Domino (cfr. Phip 4,4)8 quoniam sciunt et credunt te cito mori, ut ipsis hoc videntibus et aliis qui audierint, post mortem tuam, sit in memoriale tua mors, quomodo omnibus extitit tua vita et conversatio tua”.
9 Beatus Franciscus, licet in infirmitatibus esset plurimum pregravatus, cum magno fervore spiritus et letitia utriusque hominis laudavit Dominum dixitque illi: 10 “Ergo, si cito debeo mori, vocate mihi fratrem Angelum et fratrem Leonem, ut cantent michi de sorore morte” 
11 Iverunt fratres illi coram ipso et cum multis lacrimis cantaverunt cantum fratris solis et aliarum creaturarum Domini quem fecit ipse in infirmitate sua ad laudem Domini et consolationem anime sue et aliorum; 12 in quo cantu ante versum ultimum posuit versum de sorore morte, videlicet:
“Laudato sia Misegnore, per nostra sorore morte corporale dala quale nullo homo vivente po scampare. 13 Vay a quegli, ke morono nelli peccati mortali. 14 Beati quegli, ke trovarone ne le tue sanctissime voluntadi; ka la morte secunda (cfr. Apoc 2,11; 20,6) no gle farà male”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição Menor - 10

[10]
1 Desde o tempo de sua conversão até o dia da morte, o bem-aventurado Francisco sempre se esforçou, no tempo de saúde e de doença, por conhecer e seguir a vontade do Senhor. 2 Certo dia, disse um frade ao bem-aventurado Francisco: “Pai, tua vida e tua conduta foi e é luz e espelho não só para teus frades, mas também para toda a Igreja de Deus, e assim também será a tua morte. 3 Porque, embo­ra para teus frades e para muitíssimos outros tua morte seja uma dor e grande tristeza, para ti, porém, será a maior consolação e alegria infinita, 4 pois passarás de um grande sofrimento para a tranqüilidade absoluta, de muitas penas e tentações à alegria infi­nita, de tua grande pobreza, que sempre amaste e viveste volun­tariamente desde o início de tua conversão a Cristo até o dia de tua morte, para as maiores, verdadeiras e infinitas riquezas, da morte temporal para a vida eterna, 5 onde verás sempre o Senhor teu Deus face a face (cf. 1Cor 13,12; Gn 32,30) que, com tanto fervor, desejo e amor contemplaste neste mundo”. 6 Dito isso, falou claramente: “Pai, sabe que, se realmente Deus não enviar do céu o remédio para o teu corpo, tua enfermidade é incurável e deves viver pouco tempo, como já disseram os médicos. 7 Digo isso para confortar teu espírito, para que sempre te alegres interior e exteriormente, mas sobretudo, para que teus fra­des e os outros que vêm te visitar te encontrem alegre no Senhor (cf. FI 4,4), 8 pois sabem e crêem que logo morrerás, para que, depois de tua morte, para eles que vêem e para os outros que ouvi­rem, tua morte seja um memorial, como para todos foi tua vida e tua conduta”.
9 Embora muito prostrado pelas enfermida­des, com grande fervor de espírito e alegria do corpo e da alma, o bem-aventurado Francisco louvou o Senhor e lhe disse: 10 “Então, se devo morrer logo, chamai-me Frei Ângelo e Frei Leão, para que me cantem sobre a irmã morte”.
11 Esses frades foram até ele e, com muitas lágri­mas, cantaram o Cântico de Frei Sol e das outras criaturas do Se­nhor que ele compôs na sua enfermidade para o louvor do Senhor e consolo de sua alma e da dos outros. 12 Antes do último ver­so do canto colocou um verso sobre a irmã morte, a saber:
“Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem vivente por escapar. 13 Ai daqueles que morrem em pecado mortal. 14 Felizes aqueles que se encontrarem nas tuas santíssimas vontades, porque a morte segunda (cf. Ap 2,11; 20,6) não lhes fará mal”.