Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição Menor

TEXTO ORIGINAL

Speculum Perfectionis (minus) - 5

[5]
1 Alia vice in illis diebus quidam medicus nomine Boniohanne de Aretio, qui notus et familiaris erat beato Francisco, in eodem palatio visitavit eum, 2 quem beatus Franciscus interrogavit de sua infirmitate dicens: “Quid tibi videtur, frater Iohani, de hac infirmitate mea idropisi?”. 3 Nam beatus Franciscus nolebat aliquem nominare, qui nomine vocaretur bonus, propter reverentiam Domini, qui dixit: “Nemo bonus, nisi solus Deus (Luc 18,19)”. 4 Similiter nec patrem nec magistrum volebat aliquem nominare, nec in litteris suis scribere propter reverentiam Domini, qui dixit: “Nolite et patrem vocare vobis super terram, nec vocemini magistri  (cfr. Mat 23,9.10)” etc.  5 Dixit ad eum medicus: “Frater, bene tibi erit per gratiam Domini Dei”; 6 nolebat enim dicere, quod in brevi deberet mori. 7 Iterum dixit ei beatus Franciscus: “Dic mihi veritatem; quid tibi videtur? 8 Noli timere, quoniam per Dei gratiam non sum corculus ut mortem timeam, quoniamcooperante [Domino] (cfr. Mar 16,20) per gratiam et misericordiam suam ita sum coniunctus et unitus cum Domino meo, quod eque sum contentus de morte et de vita, et converso”.
9 Dixit ergo ad eum medicus manifeste: “Pater, infirmitas tua est incurabilis secundum nostram phisicam; aut in fine huius mensis aut. IV. nonas octobris morieris”. 10 Beatus Franciscus cum iaceret in lecto infirmus, cum maxima reverentia et devotione ad Dominum, expansis manibus (cfr. Ps 142,6; 1Esd 9,5) et brachiis, cum letitia magna utriusque hominis dixit: “Bene veniat soror mea mors”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição Menor - 5

[5]
1 Noutra vez, naqueles dias, um médico chamado Bom João de Arezzo, que era conhecido e amigo do bem-aventurado Francisco, vi­sitou-o no palácio. 2 O bem-aventurado Francisco perguntou-lhe sobre sua enfermidade: “Irmão João, o que pensas desta mi­nha enfermidade de hidropisia?” 3 Porque o bem-aventurado Francisco não que­ria dizer o nome de ninguém que se chamasse de bom, por respei­to ao Senhor, que disse: “Ninguém é bom, senão Deus somente” (Lc 18,19). 4 Também não queria chamar ninguém de pai ou de mestre, nem escrever em suas cartas, por respeito ao Senhor, que disse: “Também não queirais chamar alguém de pai sobre a ter­ra, nem vos chameis de mestre” (cf. Mt 23,9.10)” etc. 5 Disse o médico: “Irmão, com a graça do Senhor Deus, tudo correrá bem”, 6 pois não queria dizer que em breve deveria morrer. 7 O bem-aventurado Francisco perguntou outra vez: “Dize-me a verdade. O que te parece? 8 Não tenhas medo, porque pela graça de Deus não sou covarde para temer a morte, pois com a ajuda do Senhor (cf. Mc 16,20), por sua graça e misericórdia, estou tão ligado e unido a meu Senhor que estou contente tanto com a morte e com a vida, e vice-versa”.
9 Então, o médico disse abertamente: “Pai, segundo nossa física, tua doença é incurável; morrerás no fim deste mês ou nos pri­meiros dias de outubro”. 10 O bem-aventurado Francisco, doente de cama, com o maior respeito e devoção ao Senhor, estendeu mãos (cf. Sl 142,6; Esd 9,5) e braços e, com grande alegria do corpo e do espírito, disse: “Bem-vinda seja minha irmã, a morte”.