Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição

TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 117

Caput 117. Quod nunquam voluit portare unam pellem, quia non permisit eam comburi ab igne.

1 Cum faceret quadragesimam in monte Alvernae, quadam die socius ejus, hora comestionis, paravit ignem in cella ubi comedebat. 2 Et, igne accenso, ivit pro beato Francisco ad aliam cellam ubi orabat, portans secum missale ut legeret sibi evangelium illius diei; 3 nam volebat semper audire evangelium quod in missa legebatur illo die, priusquam comederet, quando non poterat audire missam.
4 Cumque venisset ad cellam illam causa comedendi ubi erat ignis accensus, ecce jam flamma ignis ascenderat usque ad tectum cellae et ipsam comburebat; socius autem, sicut poterat, coepit ignem exstinguere, sed non poterat solus. 5 Beatus vero Franciscus nolebat juvare ipsum, sed tulit quamdam pellem quam tenebat de nocte super se et ivit cum ipsa in silvam.
6 Fratres autem de loco qui manebant longe ab illa cella, ut senserunt quod cella comburebatur, statim venerunt et exstinxerunt ignem. 7 Postea reversus est beatus Franciscus ad comedendum, et post comestionem, dixit socio suo: “Istam pellem nolo amodo habere super me, quoniam propter avaritiam meam nolui quod frater ignis comederet eam”.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 117

Capítulo 117. Nunca quis usar uma pele, por não ter permitido que o fogo a queimasse. 

1 Um dia, quando fazia uma quaresma no Monte Alverne, à hora da refeição, seu companheiro preparou um fogo na cela onde ele comia. 2 Tendo acendido o fogo, foi à outra cela, onde o bem-aventurado Francisco rezava, levando consigo o missal, para ler-lhe o evangelho daquele dia, 3 porque, quando não podia ouvir a missa, queria sempre ouvir o evangelho que se lia na missa da­quele dia, antes de tomar a refeição.
4 Quando chegou para tomar a refeição na cela onde fora ace­so o fogo, eis que a chama do fogo já subia até o teto da cela e a queimava. Como pôde, o companheiro começou a apagar o fogo, mas sozinho não conseguia. 5 O bem-aventurado Francisco não queria ajudá-lo mas pegou uma pele que usava para se cobrir de noite e foi com ela para a floresta.
6 Os frades do lugar, porém, que moravam longe daquela cela, ao notarem que ela ardia, imediatamente acorreram e apa­garam o fogo. 7 Depois, o bem-aventurado Francisco voltou para comer. Após a refeição disse a seu companheiro: “Não quero mais ter essa pele sobre mim, porque, por causa de minha avareza, não quis que o irmão fogo a devorasse”.