Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 113

CAPITULUM XI (XII) ‑ DE AMORE IPSIUS AD CREATURAS ET CREATURARUM AD IPSUM.

Caput 113. Et primo de amore quem habuit specialiter ad aves quae vocantur laudae capellutae, quia per eas figurabat bonum religiosum.

1 Absorptus totus in amorem Dei, beatus Franciscus non solum in anima sua, jam omni virtutum perfectione ornata, sed in qualibet creatura bonitatem Dei perfecte cernebat; 2 propter quod singulari et viscerosa dilectione afficiebatur ad creaturas, maxime ad illas in quibus aliquid de Deo vel aliquid ad religionem pertinens figurabat.
3 Unde prae cunctis avibus diligebat quamdam aviculam quae vocatur lauda, et in vulgari dicitur lodola capelluta. 4 Et dicebat de ea: “Soror lauda habet caputium sicut religiosi, et est humilis avis, quia vadit libenter per viam ad inveniendum sibi aliqua grana, etiam si invenerit ea inter stercora extrahit ea et comedit. 5 Volando laudas Dominum valde suaviter, sicut boni religiosi, despicientes terrena, quorum conversatio semper est in caelis (cfr. Phip 3,20) et intentio est semper ad laudem Dei. 6 Ejus vestimentum assimilatur terrae, id est pennae ejus, et dat exemplum religiosis, ut non delicata et colorata vestimenta habeant, sed vilia pretio et colore sicut terra est vilior aliis elementis”.
7 Et quia haec considerabat in ipsis, libentissime eas videbat. Ideo placuit Domino ut ipsae aviculae ostenderent aliquod signum affectionis circa ipsum in hora mortis ejus. 8 Nam sero diei sabbati, post vesperas ante noctem qua migravit ad Dominum, magna multitudo huiusmodi avium quae dicuntur laudae venit supra tectum domus ubi jacebat, 9 et volando parum faciebant rotam ad modum circuli circa tectum et dulciter cantantes videbantur Dominum collaudare.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 113

CAPÍTULO XI (XII) - Seu amor pelas criaturas e das criaturas para com ele

Capítulo 113. Primeiramente, o amor especial que teve pelas aves chamadas cotovias de capuz, porque eram figura do bom religioso.

1 Todo absorto no amor de Deus, o bem-aventurado Francisco vis­lumbrava perfeitamente a bondade de Deus não só na sua alma, já ornada com toda a perfeição das virtudes, mas também em qualquer criatura. 2 Por isso, dedicava especial e entranhado amor às criaturas, sobretudo às em que via algo referente a Deus ou à religião.
3 Então, entre todas as aves, amava mais um passarinho chamado cotovia, vulgarmente chamada cotovia de ca­puz. 4 Dela dizia: “A Irmã cotovia tem um capuz como os religio­sos e é uma ave humilde, porque vai de bom grado pelo caminho à procura de alguns grãos e, mesmo que os encontre no esterco, re­tira-os e come. 5 Voando, louva o Senhor muito suavemente, como os bons religiosos que desprezam as coisas terrenas, cuja morada está sempre nos céus (cf. Fl 3,20) e a intenção é sempre o louvor de Deus. 6 Sua veste, isto é, as penas, assemelha-se à terra e dá exemplo aos religiosos, que não devem ter vestes delicadas e colo­ridas, mas baratas e cor de terra, que é mais humilde que os outros elementos”.
7 E porque via nelas tudo isso, gostava muito de olhá-las. Por isso, aprouve ao Senhor que as os passarinhos dessem um sinal de seu amor por ele na hora de sua morte. 8 No sábado à tarde, depois das Vésperas, antes da noite em que migrou para o Senhor, grande multidão dessas aves, chamadas cotovias, reuniu-se sobre o telhado da casa em que ele jazia 9 e, voando um pouco, faziam um círculo ao redor do telhado e, can­tando docemente, pareciam louvar o Senhor.