Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Fontes Biográficas
  • Espelho da Perfeição

TEXTO ORIGINAL

Speculum perfectionis - 62

Caput 62. Quod volebat omnibus esse notum quidquid consolationis recipiebat corpus ejus.

1 Similiter, alio tempore, cum in quodam eremitorio comedisset in quadragesima sancti Martini cibaria condita cum lardo, propter infirmitates suas quibus oleum erat nimis contrarium, 2 finita quadragesima, cum praedicaret magno populo, in primo verbo praedicationis dixit illis: “Vos venistis ad me cum magna devotione, credentes me esse sanctum hominem, sed Deo et vobis confiteor me in hac quadragesima comedisse cibaria condita cum lardo”.
3 Immo etiam quasi semper, cum comedebat apud aliquos saeculares, vel fiebat sibi a fratribus aliqua consolatio corporalis, propter infirmitates suas, 4 statim in domo et extra domum, coram fratribus et saecularibus ignorantibus illud, dicebat manifeste: “Talia cibaria comedi”. Nolebat enim occultare hominibus quod erat Domino manifestum. 5 Similiter etiam, ubicumque et coram quibuscumque religiosis et saecularibus, spiritus ejus ad superbiam vel vanam gloriam aut ad aliud vitium movebatur, statim coram illis confitebatur illud nude et sine aliquo velamento. 6 Unde semel dixit sociis suis: “Taliter volo vivere in eremis et aliis locis ubi maneo qualiter si omnes homines me viderent. Si enim putant me esse sanctum hominem et non facerem vitam quae convenit sancto homini essem hypocrita”.
7 Cum itaque, propter infirmitatem splenis et stomachi frigiditatem, unus de sociis qui erat guardianus vellet consuere sub tunica ipsius aliquantulum de pelle vulpis juxta splenem et stomachum, maxime quia tunc erat magnum frigus, 8 respondit ei beatus Franciscus: “Si vis ut habeam sub tunica pellem vulpis, facias mihi poni de foris super tunicam unum frustrum de illa pelle, ut omnes homines per hoc cognoscant quod habeo etiam interius pellem vulpis”. 9 Et ita fecit sibi fieri, sed parum portavit eam, licet valde necessaria foret ei.

TEXTO TRADUZIDO

Espelho da Perfeição - 62

Capítulo 62. Ele queria que todos soubessem do conforto que seu corpo recebia.

1 De maneira semelhante, numa outra vez, como comeu pratos temperados com toucinho em um eremitério na quaresma de São Martinho, porque o óleo lhe fazia mal por causa de suas doenças,  2 ter­minada a quaresma, quando pregava a uma grande multidão, disse logo no começo do sermão: “Vós viestes a mim com grande devoção, crendo que eu sou um homem santo; mas con­fesso a Deus e a vós que, nesta quaresma, comi alimentos tempe­rados com toucinho”.
3 E até quase sempre, quando comia com alguns seculares ou quando os frades, por causa de suas enfermidades, lhe preparavam algu­ma consolação corporal, 4 imediatamente, em casa e fora de casa, diante dos frades e dos seculares que ignoravam o fato, dizia claramente: “Comi tal alimento”. Pois não queria ocultar aos homens o que era manifesto ao Senhor. 5 Da mesma forma, todas as vezes que, diante de algum religioso ou secular, seu espírito tinha impulsos de soberba ou de vanglória ou outro vício, imediatamente confessava o fato diante deles com clareza e sem esconder nada. 6 Por isso, disse uma vez a seus companhei­ros: “Quero viver nos eremitérios ou em outros lugares onde estiver, como se todas as pessoas me vissem. Pois, se julgam que sou um homem santo e eu não levar uma vida como convém a um homem santo, eu seria hipócrita”.
7 Assim, por causa do frio e da doença do baço e do frio do es­tômago, quando um dos companheiros, que era guardião, quis costurar sob sua túnica um pedaço de pele de raposa perto do baço e do estômago, sobretudo porque na ocasião fazia grande frio, 8 o bem-aventurado Francisco lhe respondeu: “Se queres que eu tenha uma pele de raposa sob a túnica, manda que seja colocado um pedaço de pele também do lado de fora, sobre a túnica, para que assim to­das as pessoas saibam que também do lado de dentro tenho uma pele de raposa”. 9 E assim mandou que fosse feito, mas usou-a por pouco tempo, embora lhe fosse muito necessária.