Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Perusina - 51

1 Item, cum ablueret sibi manus, eligebat talem locum, ut non postea ablutio illa pedibus conculcaretur. 
2 Super petras, cum ipsum oporteret ambulare, cum timore et reverentia ambulabat, amore illius, qui petra dicitur. 
3 Unde quando dicebat illum versiculum psalmi, ubi dicitur: In petra exaltasti me (cfr. Ps 60,3), dicebat ex magna reverentia et devotione: “Subtus pedes petre exaltasti me”. 
4 Fratri etiam qui faciebat ligna pro igne dicebat, ut non totam arborem incideret, sed tales incideret, ut pars aliqua remaneret et pars incideretur; et etiam cuidam fratri, qui in loco ubi ipse manebat, imperavit. 
5 Fratri etiam qui faciebat ortum dicebat, ut non totam terram orti coleret solummodo pro herbis comestibilibus, sed ab aliqua parte de terra dimitteret ut produceret herbas virentes, que temporibus suis fratres flores producerent. 
6 Immo dicebat quod frater ortolanus deberet facere pulchrum orticellum ab aliqua parte orti, ponens et plantans ibi de omnibus odoriferis herbis et de omnibus herbis que producunt pulchros flores, ut tempore suo invitarent ad laudem Dei omnes inspicientes se, 
7 quoniam omnis creatura dicit et clamat: “Deus me fecit propter te, o homo”. 
8 Unde nos qui cum illo fuimus (cfr. 2Pet 1,18), in tantum videbamus ipsum interius et exterius fere in omnibus creaturis semper letari, ipsas tangere et libenter videre, ut non in terra sed in celo eius spiritus videretur. 
9 Et hoc manifestum et verum est, quoniam propter multas consolationes quas habuit et habebat in creaturis Dei, parum ante obitum suum composuit et fecit quasdam Laudes Domini de eius creaturis ad incitandum corda audientium eas ad laudem Dei et ut [in] suis creaturis Dominus ab omnibus laudaretur.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Perusina - 51

51. Outros sinais de amor pelas criaturas

1 Também, quando lavava as mãos, escolhia um lugar em que aquela água usada não fosse pisada pelos pés. 
2 Quando precisava andar sobre pedras, fazia-o com temor e reverência, por amor daquele que é chamado de Pedra. 
3 Por isso, quando dizia aquele versículo do Salmo onde se lê: Exaltaste-te sobre a pedra ((cfr. Sl 60,3), por grande reverência e devoção dizia: “Exaltaste-me sob os pés da Pedra”. 
4 Também dizia para o frade que cortava lenha para o fogo que não cortasse a árvore inteira, mas que as cortasse de tal modo que uma parte fosse cortada e outra ficasse. Também deu essa ordem a um frade do lugar onde ele morava. 
5 Também dizia ao frade que cuidava da horta que não cultivasse toda a terra da horta só para ervas comestíveis, mas deixasse uma parte de terra para produzir ervas viçosas que, a seu tempo, produzissem flores para os frades. 
6 Dizia até que o irmão hortelão devia fazer um bonito canteiro, em algum canto da horta, pondo e plantando aí de todas as plantas odoríferas e todas as plantas que produzem flores bonitas, para que, a seu tempo, convidassem os que as viam ao louvor de Deus, 
7 porque toda criatura diz e clama: “Deus me fez por tua causa, ó homem”. 
8 Por isso nós que estivemos com ele costumávamos vê-lo sempre alegre, interior e exteriormente, com quase todas as criaturas, tocando-as e olhando-as com prazer, que seu espírito não parecia estar na terra mas no céu. 
9 E isso é manifesto e verdadeiro, porque por causa das muitas consolações que teve e tinha por causa das criaturas de Deus, um pouco antes de sua morte compôs e fez uns Louvores do Senhor por suas criaturas, para animar os corações dos ouvintes para o louvor de Deus e para que o Senhor fosse louvado por todos em suas criaturas.