Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Trium Sociorum - 12

12. 
1 Alteratus autem post leprosorum visitationem in bonum, quemdam socium suum quem multum dilexerat ad loca remota secum ducens, dicebat illi se quemdam magnum et pretiosum thesaurum invenisse. 
2 Exultat vir ille non modicum et libenter vadit cum illo quotiens advocatur. 
3 Quem Franciscus ad quamdam cryptam iuxta Assisium saepe ducebat, et ipsam solus intrans sociumque de thesauro habendo sollicitum foris relinquens, novo ac singulari spiritu perfusus Patrem in abscondito exorabat (cfr. Mat 6,6), cupiens neminem scire quid ageret intus, praeter solum Deum quem de caelesti thesauro habendo assidue consulebat. 
4 Quod attendens humani generis inimicus ipsum ab incepto bono retrahere nititur ei timorem incutiens et horrorem. 
5 Nam quaedam mulier erat Assisii gibbosa deformiter quam daemon, viro Dei apparens, sibi ad memoriam reducebat, et comminabatur eidem quod gibbositatem illius mulieris iactaret in ipsum nisi a concepto proposito resiliret. 
6 Sed Christi miles (cfr. 2Tim 2,3) fortissimus, minas diaboli vilipendens, intra cryptam devote orabat ut Deus dirigeret viam (cfr. Gen 24,40) suam. 
7 Sustinebat autem maximam passionem et anxietatem mentis, non valens quiescere donec opere compleret quod mente conceperat, cogitationibus variis invicem succedentibus quarum importunitas eum durius perturbabat. 
8 Ardebat enim interius igne divino, conceptum mentis ardorem deforis celare non valens, poenitebatque ipsum peccasse tam graviter nec iam eum mala praeterita vel praesentia delectabant, nondum tamen receperat continendi fiduciam a futuris. 
9 Propterea cum extra cryptam exibat, ad socium mutatus in virum alterum (cfr. 1Re 10,6) videbatur.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda dos Três Companheiros - 12

12. 

1 Mudado para melhor depois da visita aos leprosos, levando a lugares remotos um seu companheiro a quem queria muito bem, dizia-lhe que tinha encontrado um tesouro grande e precioso. 
2 O homem exultou na pouco, e ia com ele sempre que o chamava. 
3 Francisco levava-o muitas vezes a uma certa cripta perto de Assis e, deixando fora o companheiro, preocupado com o tesouro que teria, entrava sozinho, e, invadido por um espírito novo, orava no escondido ao Pai, não querendo que ninguém soubesse o que fazia lá dentro, a não ser só Deus que consultava assiduamente sobre o tesouro celeste que devia ter. 
4 Vendo isto, o inimigo do gênero humano tentava tirá-lo do bom caminho começado, incutindo-lhe temor e horror. 
5 Havia em Assis uma mulher deformemente corcunda e que o demônio, aparecendo ao homem de Deus, lhe trazia à mente e ameaçava transferir para ele a gibosidade daquela mulher se não desistisse do propósito concebido. 
6 Mas o fortíssimo soldado de Cristo, desprezando as ameaças diabólicas, orava dentro da cripta para que Deus guiasse seu caminho. 
7 Suportava, porém, uma grande paixão e ansiedade de espírito, não conseguindo sossegar enquanto não cumprisse o que concebera, com uma porção de pensamentos que se sucediam, cuja importunidade perturbava-o duramente. 
8 Ardia interiormente em um fogo divino, não conseguindo ocultar por fora o ardor concebido na mente. Arrependia-se de haver pecado tão gravemente e já não lhe agradavam os males passados ou presentes, pois não tinha alcançado ainda a confiança de dominar-se das coisas futuras. 
9 Por isso, quando saía da cripta, parecia ao companheiro que estava mudado em um outro homem.