Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Legenda dos Três Companheiros

TEXTO ORIGINAL

Legenda Trium Sociorum - 11

Caput IV - Qualiter a leprosis coepit vincere seipsum et sentire dulcedinem in his quse prius erant sibi amara. 

11. 
1 Cum autem quadam die Dominum ferventer oraret, responsum: est illi: “Francisce, omnia quae carnaliter dilexisti et habere desiderasti oportet te contemnere ac odire si meam vis agnoscere voluntatem. 
2 Quod postquam inceperis facere quae tibi prius suavia et dulcia videbantur erunt tibi importabilia et amara, atque in his quae prius horrebas hauries magnam dulcedinem et suavitatem immensam”. ` 
3 Gavisus ergo in his et in Domino confortatus, cum prope Assisium equitaret, leprosum quemdam obvium habuit. 
4 Et quia consueverat multum horrere leprosos, vim sibimetipsi faciens descendit de equo et obtulit illi denarium osculans sibi manum. 
5 Et accepto osculo pacis ab ipso reascendit equum et prosequitur iter suum. 
6 Exinde coepit magis ac magis seipsum contemnere donec ad sui victoriam perfecte Dei gratia perveniret. 
7 Post paucos autem dies, assumens multam pecuniam ad hospitale leprosorum se transtulit, et congregans omnes simul dedit cuilibet eleemosynam osculans eius manum. 
8 Recedente autem eo, vere quod prius sibi erat amarum, id est de leprosis videndis et tangendis, in dulcedinem est conversum. 
9 In tantum enim, ut dixit, amara ei fuerat visto leprosorum, ut non solum nollet eos videre sed nec eorum habitaculis propinquare, 
10 et si aliquando contingebat ipsum iuxta domos eorum transire aut eos videre, licet pietate moveretur ad faciendum eis eleemosynam per interpositam personam, vultum tamen semper avertens nares suas propriis manibus obturabat. 
11 Sed per Dei gratiam ita factus est leprosorum familiaris et amicus, quod, sicut in testamento suo testatur, inter illos manebat et eis humiliter serviebat.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda dos Três Companheiros - 11

Cap. 4 - Como começou com os leprosos a vencer a si mesmo e sentir a doçura do que antes lhe era amargo.

11. 
1 Certo dia, estando a orar com mais fervor, foi-lhe respondido: - “Francisco, se quiseres conhecer a minha vontade, deverás desprezar e odiar tudo o que carnalmente amaste e desejaste possuir. 
2 Depois que começares a fazer assim, as coisas que antes te pareciam suaves e doces serão para ti insuportáveis e amargas, mas das que te causavam horror, poderás haurir uma grande doçura e uma suavidade imensa”. 
3 Contente com isso e confortado no Senhor, certa vez indo a cavalo perto de Assis, veio-lhe ao encontro um leproso. 
4 E como se acostumara a ter muito horror aos leprosos, fez violência a si mesmo , desceu do cavalo e lhe deu uma moeda, beijando-lhe a mão. 
5 Após ter recebido dele o beijo da paz, montou a cavalo e prosseguiu seu caminho. 
6 Desde então começou a desprezar cada vez mais a si mesmo, até conseguir, pela graça de Deus, a mais perfeita vitória sobre si mesmo. 
7 Poucos dias depois, levando muito dinheiro, transferiu-se para o leprosário, e, juntando todos, deu a cada um uma esmola, beijando-lhes a mão. 
8 Quando foi embora, verdadeiramente o que lhe era amargo, isto é, ver e tocar os leprosos, convertera-se em doçura. 
9 Tanto que, como contou, para ele fora amarga a visão dos leprosos, de modo que não só não os podia ver, mas se aproximar de suas casas. 
10 e, se por alguma vez acontecesse de passar perto de suas casas ou de vê-los, virava o rosto e tapava o nariz com as mãos, muito embora, movido por piedade, lhes mandasse esmolas por intermédio de outra pessoa. 
11 Mas, por graça de Deus, tornou-se tão familiar e amigo dos leprosos, que, como ele mesmo afirma no Testamento, ficava entre eles e humildemente os servia.