Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Tratado dos Milagres (3Cel)

TEXTO ORIGINAL

Tractatus de Miraculis (3Cel) - 43

43 
1 Cum fratres de Nuceria peterent quoddam plaustrum a quodam viro Petro nomine, quo aliquantulum indigebant, stulte respondit eis dicens: “Ego potius excoriarem duos ex vobis cum sancto Francisco, quam accommodarem vobis plaustrum”. 
2 Poenituit sta-tim hominem verbum tantae blasphemiae protulisse, et percutiens os suum, misericordiam precabatur. 
3 Timebat enim ne ultio sequeretur, sicut et fuit protinus subsecuta. 
4 Nocte vidit in somnis (cfr. Gen 28,12) domum suam plenam viris et mulieribus, choreas cum magna iubilatione ducentibus. 
5 Infirmatus est statim filius eius, nomine Gapharus, et pauco spatio lapso, spiritum exhalavit. 
6 Versae sunt choreae, quas viderat, in funereos luctus, et iubilatio in lamentum. 
7 Recordatus est blasphemiae quem in sancto Francisco spiraverat, et poena docuit quam gravis fuerit culpa. 
8 Volutabatur per humum, et sanctum Franciscum invocare penitus non cessabat et dicebat: “Ego sum qui peccavi (cfr. 2Re 24,17), me flagellare debuisti. 
9 Redde, sancte, iam poenitenti, quem abstulisti impie blasphemanti! 
10 Tibi me reddo, tuis me obsequiis semper expono. 
11 Nam et primogenita cuncta semper offeram tibi”. 
12 Mira res! Ad haec verba surrexit puer et planctum prohibens, causam retulit suae mortis. 
13 “Cum mortuus essem”, inquit, “venit beatus Franciscus, et duxit me per viam obscuram et longam valde. 
14 Deinde posuit me in quodam viridario tam amoeno, tam delectabili, quod totus mundus ei comparari non posses. 
15 Reduxit me postea per eamdem viam et dixit mihi: ‘Revertere ad patrem tuum et matrem suam; nolo enim te hic amplius detinere’. 
16 Et ecce, sicut ei placuit, sum reversus”.

TEXTO TRADUZIDO

Tratado dos Milagres (3Cel) - 43

43 
1 Os frades de Nocera pediram um carro de que necessitavam por um certo tempo a um homem chamado Pedro, que lhes respondeu estupidamente: “Prefiro arrancar o couro de dois de vocês com o seu São Francisco, mas não empresto o carro”. 
2 Mas logo se arrependeu de ter dito uma coisa tão grave e, batendo na boca, pedia perdão. 
3 Tinha medo de um castigo, como, de fato, logo aconteceu. 
4 De noite, viu em sonhos sua casa cheia de homens e mulheres, que dançavam muito felizes. 
5 Na mesma hora seu filho, chamado Gafaro, ficou doente e, pouco depois, exalou o espírito. 
6 As danças que vira tornaram-se luto e a alegria virou lamento. 
7 Lembrou-se da blasfêmia que dissera contra São Francisco e a pena fez com que compreendesse como fora grave a culpa. 
8 Rolava pelo chão e não parava de invocar São Francisco, dizendo: “Fui eu que pequei; era a mim que devias castigar. 
9 Ó santo, devolve ao penitente o filho que tiraste a quem blasfemou impiamente! 
10 Rendo-me a ti, estarei sempre às tuas ordens. 
11 Vou te ofertar sempre todas as primícias”. 
12 Coisa admirável! A essas palavras levantou-se o menino e, mandando parar o choro, contou a causa de sua morte. 
13 “Quando eu estava morto, contou, o bem-aventurado Francisco veio e me levou por uma rua escura e muito comprida. 
14 Depois me pôs num jardim tão bonito e agradável que não se pode comparar com nada deste mundo. 
15 Depois me trouxe de volta pelo mesmo caminho e me disse: “Volta para teu pai e tua mãe; não quero te reter mais tempo aqui. 
16 E aqui estou de volta, como ele quis.