TEXTO ORIGINAL
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1 Ut confessionis admirabile Dei donum, totis ab omnibus amplexandum visceribus ostendatur, et quia, quod singularis meriti sanctus iste semper fuerit apud Christum dignissime praedicetur, referendum certe, quoniam dum in mundo viveret, et mire patuit, et post mortem Christus suus de ipso clarius demonstravit.
2 Cum enim beatus pater Franciscus praedicaturus semel accederet ad Ce1anum, miles quidam supplici eum devotione, omni cum instantia, secum ad prandium invitavit.
3 Qui multum renitens et renuens, coactione tandem vincitur importuna.
4 Venit igitur hora prandii et mensa splendide praeparatur.
5 Exsultat devotus hospes et universa familia pauperum hospitum iucundatur ingressu.
6 Stabat beatus Franciscus oculos levans ad caelum (cfr. Dan 4,31), et invitantem se hospitem clanculo vocat.
7 “ Ecce “, inquit, “frater hospes, tuis victus precibus, ut manducarem domum tuam intravi (cfr. Luc 7,14).
8 Meis cito monitis acquiesce, quoniam tu non hic sed alibi manducabis!
9 Confitere peccata (cfr. 1Ioa 1,9) tua omni devotione contritus, nec in te remaneat quidquam quod vera confessione non pandas.
10 Reddet tibi Dominus hodie vicem (cfr. Is 59,18) quoniam tanta devotione suos pauperes suscepisti”.
11 Acquievit extemplo vir ille sermonibus (cfr. 1Tim 6,3) sanctis, et vocato sancti Francisci socio, qui sacerdos erat, universa ei peccata vera confessione detexit.
12 Disposuit domui suae (cfr. Is 38,1), et verbum sancti complendum indubius exspectabat.
13 Intraverunt tandem ad mensam, et omnibus incipientibus manducare, post crucis signum pectori iam impressum, manum et ipse tremebundus extendit ad panem.
14 Sed antequam ad se manum extentam retraheret, inclinato capite, spiritum (cfr. Ioa 19,30) exhalavit.
15 O quam amanda confessio peccatorum!
16 Ecce, ut confiteri possit, mortuus suscitatur, et ne vivus perire valeat in aeternum (cfr. Ioa 10,28) confessionis beneficio liberatur.
TEXTO TRADUZIDO
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1 Para mostrar como todos devem receber com profundo amor o dom admirável de Deus que é a confissão, e também para esclarecer como este santo sempre gozou de um mérito singular diante de Cristo, é preciso contar o que ele manifestou de maneira notável enquanto vivia no mundo, e aquilo que Cristo revelou sobre ele ainda melhor depois da morte.
2 Uma vez que o bem-aventurado pai Francisco foi a Celano para pregar, um cavaleiro lhe suplicou com devoção e insistentemente que fosse almoçar em sua casa.
3 Ele resistiu bastante mas no fim foi vencido pela insistência importuna.
4 Chegou a hora da refeição e a mesa foi esplendidamente preparada.
5 O hospedeiro e toda sua família ficaram exultantes com a chegada dos pobres.
6 O bem-aventurado Francisco ficou em pé, levantou os olhos para o céu e chamou à parte o hospedeiro.
7 “Irmão hospedeiro, disse-lhe, dobrando-me aos teus pedidos, entrei em tua casa para comer!
8 Agora obedece depressa ao meu conselho, porque não comerás aqui mas em outro lugar!
9 Confesse os teus pecados com toda contrição, e não deixes nada que tenhas que manifestar numa verdadeira confissão.
10 Hoje o Senhor vai te recompensar porque recebeste seus pobres com tanta devoção”.
11 O homem concordou com as palavras santas na mesma hora e, chamando o companheiro de São Francisco, que era sacerdote, contou-lhe em verdadeira confissão todos os pecados.
12 Preparou sua casa e ficou esperando, sem dúvidas, que se cumprisse a palavra do santo.
13 Afinal, foram para a mesa e, começaram a comer. Depois de fazer o sinal da cruz, ele mesmo, tremendo, estendeu a mão para o pão.
14 Mas antes de sua mão voltar, inclinou a cabeça e exalou o espírito.
15 Como devemos amar a confissão dos pecados!
16 Um morto ressuscita para confessar-se e um vivo, para não perecer eternamente, é libertado pelo benefício da confissão!