Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Tratado dos Milagres (3Cel)

TEXTO ORIGINAL

Tractatus de Miraculis (3Cel) - 40

Caput VII - De mortuis suscitatis per merita beati Francisci.

40 
1 Mortuos aggredior confessoris Christi meritis suscitatos, attentos quaerens audientes pariter et legentes. 
2 Omittam in eorum recitatione circumstantias multas, aemulus brevitatis, et solemnitatibus admirantium tacitis, res solum mirabiles adnotabo. 
3 In castro Montis Marani prope Beneventum, mulier quaedam stirpe nobilis, virtute nobilior, sancto Francisco peculiari devotione inhaeserat, et digno serviebat reverentiae famulatu. 
4 Infirmitate gravata et tandem ad extremum perducta, viam universae carnis intravit (cfr. Ios 23,14).
5 Mortua circa solis occasum, differtur in crastinum sepultura, ut carorum numerosa societas conveniret. 
6 Conveniunt clerici nocte ad exsequias et vigilias cum psalteriis decantandas, circumstat utriusque sexus orantium multitudo (cfr. 2Par 31,18). 
7 Et ecce subito, cunctis cernentibus, erigit se mulier super lectum, et unum de adstantibus sacerdotem et patrinum suum vocat, dicens: “Volo confiteri, pater, audi peccatum meum! 
8 Ego enim mortua sum, et duro eram carceri mancipanda, quoniam peccatum, quod tibi pandam, necdum ipsa confessa fueram. 
9 Sed orante”, inquit, “pro me sancto Francisco, cui devotissima semper fui, redire ad corpus nunc indultum est mihi, ut, illo revelato peccato, veniam merear (cfr. Gen 4,13). 
10 Et ecce vobis videntibus, postquam illud tibi detexero, ad promissam requiem properabo”. 
11 Trementer ergo sacerdoti trementi confessa, absolutione recepta, quiete se in lecto collegit et in Domino feliciter obdormivit (cfr. Act 7,60). 
12 Quis igitur dignis laudibus Christi pietatem extollat? 
13 Quis confessionis virtutem et sancti merita dignis praeconiis valeat praedicare?

TEXTO TRADUZIDO

Tratado dos Milagres (3Cel) - 40

Capítulo 7 - Sobre os mortos ressuscitados pelos méritos do bem-aventurado Francisco.

40 
1 Vou falar dos mortos ressuscitados pelos méritos do confessor de Cristo e peço que estejam atentos os que ouvem e lêem. 
2 Para ser breve, vou omitir muitos pormenores e, sem falar das solenidades dos admiradores, vou contar só as coisas maravilhosas. 
3 Na aldeia de Monte Marano, perto de Benevento, uma dama de nobre linhagem, e mais nobre pelas virtudes, tinha particular devoção a São Francisco e rendia-lhe um culto fiel e reverente. 
4 Ficou doente, chegou às últimas e entrou no caminho de toda carne. 
5 Morta perto do ocaso do sol, adiaram o sepultamento para o dia seguinte, para poder juntar o grupo numeroso dos queridos. 
6 À noite vieram os clérigos com os saltérios para cantar as exéquias e vigílias, cercados por uma multidão de orantes de ambos os sexos. 
7 De repente, à vista de todos, levanta-se no leito a mulher, chama um dos sacerdotes presentes, seu padrinho, e diz- lhe: “Pai, quero confessar-me; ouve o meu pecado! 
8 Eu morri, de fato, e deveria estar agora encerrada num duro cárcere por ainda não ter confessado o pecado que desejo revelar-te. 
9 Mas São Francisco, de quem sempre fui muito devota, orou por mim e foi-me concedido voltar ao meu corpo para poder confessar-me e obter o perdão do meu pecado. 
10 Logo que o tiver confessado, partirei na vossa presença para o descanso prometido”. 
11 Confessou-se tremendo ao sacerdote que também tremia e, recebida a absolvição, recolheu-se ao leito e adormeceu felizmente no Senhor. 
12 Quem poderá celebrar condignamente a bondade de Cristo? 
13 Quem poderá enaltecer com dignos louvores a eficácia da confissão e os méritos do santo?