Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Tomás de Celano
  • Tratado dos Milagres (3Cel)

TEXTO ORIGINAL

Tractatus de Miraculis (3Cel) - 36

36 
1 Commorantem beatum virum in eremitorio quodam medicus pro cura oculorum quotidie visitabat. 
2 Quodam vero die dixit sanctus ad suos: “Invitate medicum et date illi optime manducare”. 
3 Respondit ei guardianus: “Pater, cum rubore (cfr. Luc 14,9) dicimus, verecundamur ipsum invitare, tantum nunc pauperes sumus”. 
4 Respondit sanctus dicens (cfr. Ioa 1,26): “Modicae fidei, quid vultis ut iterum dicam (cfr. Mat 14,31; 20,32)?”. 
5 Medicus, qui adstabat dixit (cfr. Mar 14,70): “Et ego, fratres carissimi, penuriam vestram delicias reputabo” 
6 Festinant fratres, et omnem cellarii copiam mensae imponunt, panis scilicet modicum (cfr. 2Par 18,26), vinique non multum, et ut lautius ederent, parum leguminis coquina transmittit. 
7 Interim mensa Domini (cfr. Mal 1,7) servorum mensae compatitur; pulsatur ostium (cfr. Luc 13,25), accurrit frater, et ecce mulier quaedam canistrum offert plenum pulchro pane, piscibus et pastillis gammarorum refertum, melle et uvis desuper cumulatum. 
8 Exsultat pauperum mensa his visis, et vilibus in crastinum reservatis, pretiosa hodie sumuntur in cibum. 
9 Medicus vero suspirando locutus est dicens (cfr. Mat 14,27): “Nec vos, fratres, sicut debetis, nec nos saeculares huius cognoscimus sanctitatem”. 
10 Satiati denique fuissent, nisi plus eos miraculum quem ferculum satiasset. 
11 Sic paternus ille oculus nequaquam despicit (cfr. Prov 30,17) suos, quin potius maiore defectu mendicos maiore providentia nutrit.

TEXTO TRADUZIDO

Tratado dos Milagres (3Cel) - 36

36 
1 Quando o bem-aventurado varão morava em um eremitério, visitava-o um médico, todos os dias, para cuidar de seus olhos. 
2 Certo dia, disse o santo aos frades: “Convidai o médico e dai-lhe um bom almoço”. 
3 O guardião respondeu-lhe: “Pai, digo ruborizado que tenho vergonha de convidá-lo, porque somos muito pobres”. 
4 O santo respondeu dizendo: “Homem de pouca fé, o que quer mais que eu diga?” 
5 E o médico, que estava presente, disse: “Eu também, irmãos caríssimos, vou achar que é uma delícia partilhar de vossa penúria”. 
6 Os frades correram e puseram na mesa toda a provisão da sua dispensa, isto é, um pouquinho de pão, não muito vinho e, para comerem alguma coisa melhor, alguns legumes trazidos da cozinha. 
7 Nesse meio tempo, a mesa do Senhor teve pena da mesa dos servos: bateram à porta, um frade foi atender, e era uma mulher que lhes deu uma cesta cheia: um belo pão, peixes e pastéis de camarão, coroados, por cima, com mel e uvas. 
8 Diante de todas essas coisas, a mesa dos pobres se alegra e, deixando os pratos miseráveis para o dia seguinte, come hoje os mais preciosos. 
9 Suspirando, o médico falou dizendo: “Irmãos, nem vós religiosos nem nós seculares sabemos apreciar devidamente a santidade deste homem”. 
10 Teriam ficado saturados, se não os tivesse satisfeito mais o milagre que a comida. 
11 Pois é assim que o olhar paterno de Deus jamais despreza os seus; pelo contrário, serve-os com providência maior quanto mais são necessitados.