TEXTO ORIGINAL
De specialibus devotionibus sancti.
Caput CXLVIII - Qualiter afficiebatur audiens amorem Dei.
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1 Speciales devotiones sancti Francisci brevibus pertransire, fortassis nec inutile nec indignum erit.
2 Cum enim vir iste devotus esset in omnibus, utpote qui fruebatur Spiritus unctione (cfr. Luc 4,18), speciali tamen affectu movebatur circa specialia quaedam.
3 Inter alia verba, quorum usus esset in communi sermone, amorem Dei non sine quadam sui immutatione (cfr. Iob 14,14) valebat audire.
4 Subito namque, ad auditum amoris Dei, excitabatur, afficiebatur, inflammabatur, quasi plectro vocis extrinsecae chorda cordis interior tangeretur.
5 Talem pro eleemosynis censum offerre nobilem prodigalitatem dicebat, et eos qui minus ipsum quam denarios reputarent, esse stultissimos.
6 Ipse vero propositum, quod mundanis adhuc immixtus fecerat, de non faciendo repulsam ulli pauperi petenti propter amorem Dei, usque ad mortem infallibiliter observavit.
7 Nam petenti semel pauperi propter amorem Dei, cum ipse nihil haberet, forficibus clanculo sumptis, tunicam partiri festinat.
8 Fecisset hoc ipsum, nisi deprehensus a fratribus, alia compensatione fecisset pauperi provideri.
9 “Eius”, inquit, “qui nos multum amavit, multum est amor amandus”.
TEXTO TRADUZIDO
Sobre as devoções especiais do santo.
Capítulo 148 - Como se comovia ouvindo falar do amor de Deus.
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1 Acho que não é inútil nem indigno falar um pouco das devoções particulares de São Francisco.
2 Apesar de ser um homem devoto em todos os pontos, pois gozava da unção do Espírito, tinha especial inclinação por algumas coisas especiais.
3 Entre outras expressões usadas nas conversas comuns, não podia ouvir falar em “amor de Deus” sem uma mudança em si mesmo.
4 Pois logo que ouvia falar em amor de Deus ficava fora de si, comovido, inflamado, como se suas cordas mais íntimas vibrassem com esse som exterior.
5 Dizia que era uma prodigalidade de nobres pagar as esmolas com o amor de Deus, e que eram pessoas muito tolas as que davam menos valor a Ele que ao dinheiro.
6 Ele mesmo observou sem nenhuma falha, até a morte, o propósito que tinha feito quando ainda estava no mundo, de jamais rejeitar um pobre que pedisse por amor de Deus.
7 Pois uma vez um pobre lhe pediu por amor de Deus e, como ele não tinha nada, pegou escondido uma tesoura e ia dar-lhe um pedaço da própria roupa.
8 Teria feito isso se não fosse surpreendido pelos frades, mas fez com que dessem outra coisa ao pobre. Disse:
9 “O amor daquele que tanto nos amou tem que ser muito amado”.