Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Franciscanas
  • Fontes Biográficas
  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 185

185 
1 “Homo”, inquit, “esse debet vitae gravissimae, discretionis magnae, famae laudabilis. 
2 Homo qui privatis amoribus careat, ne dum in parte plus diligit, in toto scandalum generet. 
3 Homo cui sanctae orationis studium sit amicum, qui certas horas animae, certas gregi commisso distribuat. 
4 Nam primo mane (cfr. Mat 20,1) missarum sacramenta debet praemittere, et longa devotione se ipsum et gregem divino tutamini commendare. 
5 Post orationem vero se ipsum”, inquit, “in publico statuat ab omnibus depilandum, omnibus responsurum, omnibus cum mansuetudine provisurum. 
6 Homo debet esse, qui personarum acceptione (cfr. Rom 2,11) sordidum non faciat angulum, apud quem minorum et simplicium non minus cura vigeat quam sapientium vel maiorum. 
7 Homo cui etsi concessum est litteraturae dono praecellere, plus tamen in moribus piae simplicitatis imaginem gerat, foveatque virtutem. 
8 Homo qui exsecretur pecuniam, nostrae professionis et perfectionis praecipuam corruptelam, quique pauperis religionis caput, imitandum se caeteris praebens, nullis umquam loculis abutatur. 
9 Sufficere”, inquit, “debet huic pro se habitus et libellus, pro fratribus vero pennarium et sigillum. 
10 Non sit aggregator librorum, nec lectioni multum intentus, ne detrahat officio quod praerogat studio. 
11 Homo qui consoletur afflictos, cum sit ultimum refugium tribulatis (cfr. Ps 31,7; 45,2), ne, si apud eum remedia defuerint sanitatum, desperationis morbus praevaleat in infirmis. 
12 Protervos ut ad mansuetudinem flectat, se ipsum prosternat, et aliquid sui iuris relaxet, ut animam lucrifaciat Christo (cfr. Phip 3,8). 
13 Ad refugos Ordinis, velut ad oves quae perierant (cfr. Luc 15,4.6), viscera pietatis non claudat (cfr. 1Ioa 3,17), sciens tentationes esse perva-lidas, quae ad tantum possunt impellere casum”.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 185

185 
1 “Deve ser um homem - prosseguiu - de vida austeríssima, de grande discrição, de fama intocável. 
2 Um homem que não tenha amizades particulares, para que não tenha mais amor por uma parte, gerando um escândalo no conjunto. 
3 Um homem amigo do esforço pela oração, que reserve algumas horas para sua alma e outras para o rebanho que lhe foi confiado. 
4 Deve começar logo de manhã com a missa, recomendando à proteção divina a si mesmo e o rebanho, em longa oração. 
5 Depois da oração, deve colocar-se em público à disposição de todos para ser ‘depilado’, para responder a todos, para atender a todos com mansidão”. 
6 “Deve ser um homem que, fazendo acepção de pessoas, não olhe as coisas por ângulo sórdido, que se preocupe tanto com os menores e os simples quanto com os instruídos e os maiores. 
7 Um homem que, mesmo que lhe tenha sido concedido distinguir-se pelo dom da cultura, se destaque mais ainda pela simplicidade, e que cultive a virtude. 
8 Um homem que deteste o dinheiro, que é o que mais prejudica nossa profissão de perfeição, e que, cabeça de uma religião pobre, possa ser imitado por todos, sem jamais abusar da bolsa”. 
9 “Para si mesmo deve contentar-se com o hábito e um livrinho de notas; para o serviço dos frades, com a caixa de penas e o carimbo. 
10 Não seja colecionador de livros, nem muito entregue às leituras, para não roubar de seu encargo o que dá aos estudos. 
11 Deve ser um homem que console os aflitos, porque é o último refúgio dos atribulados; para que, se não tiver os remédios para a saúde, os enfermos não acabem se desesperando. 
12 Para amansar os atrevidos, prostre-se, ceda alguma coisa de seus direitos, para ganhar sua alma para Cristo. 
13 Para os egressos da Ordem, como ovelhas que pereceram, sabendo que são muito fortes as tentações que podem levar a essa queda extrema, não feche as entranhas de sua piedade”.