Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Segunda Vida (2Cel)

TEXTO ORIGINAL

Secunda Vita (2Cel) - 44

Caput XV - Quomodo medicum suum, cum nihil fratres haberent, ad prandium invitavit, et quanta de subito Dominus dedit; et de providentia Dei circa suos.

44 
1 Commorantem beatum virum in eremitorio quodam iuxta Reate medicus pro cura oculorum quotidie visitabat. 
2 Quadam vero die dixit sanctus ad suos: “Invitate medicum et date illi optime manducare”. 
3 Respondit ei guardianus dicens: “Pater, cum rubore (cfr. Luc 14,9) dicimus, verecundamur ipsum invitare, tantum nunc pauperes sumus”. Respondit sanctus dicens (cfr. Ioa 1,26): “Quid vultis ut iterum dicam (cfr. Mat 20,32; Ioa 9,27)?”. 
4 Medicus, qui adstabat (cfr. Mar 14,70): “Et ego, fratres carissimi, penuriam vestram delicias reputabo”. 
5 Festinant fratres, et omnem cellarii copiam mensae imponunt, panis scilicet modicum (cfr. 2Par 18,26), vini non multum, et, ut lautius ederent, parum leguminis coquina transmittit. 
6 Interim mensa Domini (cfr. Mal 1,7) servorum mensae compatitur; pulsatur ostium (cfr. Luc 13,25), accurritur protinus. 
7 Et ecce mulier quaedam canistrum offert plenum pulchro pane, piscibus et pastillis gammarorum refertum, melle et uvis desuper cumulatum. 
8 Exsultat pauperum mensa his visis, et vilibus crastino reservatis, pretiosa hodie sumuntur in cibum. 
9 Medicus vero suspirando locutus est dicens (cfr. Mat 14,27): “Nec vos, fratres, sicut debetis, nec nos saeculares huius viri cognoscimus sanctitatem”. 
10 Satiati denique fuissent, nisi plus eos miraculum quam ferculum satiasset. 
11 Sic paternus ille oculus nequaquam despicit (cfr. Prov 30,17) suos, quin potius maiore defectu mendicos maiore providentia nutrit. 
12 Largiore mensa pauper pascitur quam tyrannus, quanto Deus homine profusior largitate.

TEXTO TRADUZIDO

Segunda Vida (2Cel) - 44

Capítulo 15 - Como convidou seu médico para o almoço, mesmo sem os irmãos terem nada, e quantas coisas o Senhor deu de repente; e da providência de Deus para com os seus.

44 
1 Quando o bem-aventurado varão morava em um eremitério perto de Rieti, visitava-o um médico, todos os dias, para cuidar de seus olhos. 
2 Certo dia, disse o santo aos seus: “Convidai o médico e dai-lhe um ótimo almoço”. 
3 O guardião respondeu: “Pai, digo com rubor que temos vergonha de convidá-lo, porque estamos muito pobres”. 
O santo respondeu dizendo: “Que quereis que eu diga de novo?” 
4 E o médico, que estava presente, disse: “Também eu, irmãos caríssimos, terei como delícias a vossa penúria”. 
5 Os frades correram e puseram na mesa toda a provisão da sua dispensa, isto é, um pouquinho de pão, um pouco de vinho e, para comerem alguma coisa melhor, alguns legumes trazidos da cozinha. 
6 Nesse meio tempo, a mesa do Senhor teve pena da mesa dos servos: bateram à porta e eles foram logo atender. 
7 Era uma mulher que lhes deu uma cesta cheia: um belo pão, peixes e pastéis de camarão, coroados, por cima, com mel e uvas. 
8 Ao ver isso, a mesa dos pobres se alegrou e, deixando os pratos miseráveis para o dia seguinte, comeu logo os mais preciosos. 
9 Suspirando, o médico falou dizendo: “Irmãos, nem vós religiosos nem nós seculares reconhecemos a santidade deste homem”. 
10 Teriam ficado saturados, se não os tivesse satisfeito mais o milagre que a comida. 
11 Pois é assim que o olhar paterno de Deus jamais abandona os seus; pelo contrário, serve-os melhor quanto mais são necessitados.                                                                                                                                                 12 Como Deus é mais generoso que o homem, alimenta-se numa mesa melhor o pobre que o tirano.