Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • Tomás de Celano
  • Primeira Vida (1Cel)

TEXTO ORIGINAL

Prima Vita (1Cel) - 71

Caput XXVII - De claritate et constantia mentis eius et de praedicatione coram domino Papa Honorio,et quomodo se et fratres commisit domino Hugoni, episcopo Ostiensi.

71. 
1 Vir Dei (cfr. 1Re 9,6.10) Franciscus doctus erat non sua quaerere, sed quae aliorum saluti praecipue cerneret expedire: super omnia tamen desiderabat dissolvi, et esse cum Christo (cfr. Phip 1,23). 
2 Propterea summum eius studium erat ab omnibus quae in mundo sunt (cfr. 1Ioa 2,15), liber exsistere, ne vel ad horam contagione alicuius pulveris, mentis eius serenitas turbaretur. 
3 Insensibilem omnibus quae perstrepunt exterius se reddebat, et totis visceribus undique sensus exteriores recolligens ac motus animi cohibens, soli vacabat Deo; in foraminibus petrae nidificabat, et in caverna maceriae (cfr. Cant 2,14) habitatio eius. 
4 Felici certe devotione circuibat caelibes mansiones, et in vulneribus Salvatoris, exinanitus totus, diutius residebat. 
5 Eligebat proinde frequenter solitaria loca, ut ex toto animum in Deum posset dirigere, nec tamen pigritabatur, cum tempus cerneret opportunum, se negotiis ingerere ac saluti libens intendere proximorum. 
6 Nam eius tutissimus portus erat oratio, non unius exsistens momenti, vacuave aut praesumptuosa, sed longa tempore, plena devotione, humilitate placida: si sero incipiebat, vix mane finiebat; ambulans, sedens, comedens et bibens, orationi erat intentus. 
7 In ecclesiis derelictis et in deserto positis solus ad orandum nocte pergebat, in quibus, divina gratia protegente, multos timores multasque angustias animi superavit.

TEXTO TRADUZIDO

Primeira Vida (1Cel) - 71

Capítulo 27 - Da clareza e firmeza do pensamento de São Francisco, de sua pregação diante do senhor papa Honório, e como confiou a si mesmo e a seus irmãos nas mãos do senhor Hugolino, bispo de Óstia.

71. 
1 O varão de Deus, Francisco, tinha aprendido a buscar não os seus interesses mas o que lhe parecesse servir melhor à salvação dos outros. Acima de tudo, porém, desejava aniquilar-se para estar com Cristo. 
2 Por isso, seu esforço maior era manter-se livre de todas as coisas que estão no mundo, para que seu pensamento não tivesse a serenidade perturbada por uma hora sequer de contágio com essa poeira. 
3 Tornou-se insensível a todo ruído exterior e se empenhou com todas as forças a dominar os sentidos e coibir as paixões, entregando-se unicamente a Deus. Tinha “sua morada nas fendas das rochas e nas cavidades dos penhascos”. 
4 Com verdadeira devoção, recolhia-se em casas abandonadas e, todo esvaziado de si mesmo, residia por mais tempo nas chagas do Salvador. 
5 Procurava frequentemente os lugares desertos para poder dirigir-se de toda alma a Deus mas quando o tempo lhe parecia oportuno não tinha preguiça de se pôr em atividade e de cuidar com boa vontade da salvação do próximo. 
6 Seu porto seguro era a oração, que não era curta, nem vazia ou presunçosa, mas demorada, cheia de devoção e tranquila na humildade. Se começava à tarde, mal a podia acabar pela manhã. Andando, sentado, comendo ou bebendo, estava entregue à oração. 
7 Gostava de passar a noite rezando sozinho em igrejas abandonadas e construídas em lugares desertos, onde, com a proteção da graça de Deus, venceu muitos temores e muitas angústias.