Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - VIII,8

8 
1 Alio quoque tempore apud Graecium vivus viro Dei oblatus fuit lepusculus, qui liber in terra positus, cum posset quo vellet effugere, vocante se patre benigno, in sinum illius propero cursu saltavit. 
2 Quem ipse pio cordis affectu circumfovens, videbatur eidem competi quasi mater dulcique allocutione commonitum, ne se iterum capi permitteret, liberum abire permisit. 
3 Cumque pluries in terra positus ut abscederet, semper in sinum patris rediret, tamquam si sensu quodam occulto cordis ipsius perciperet pietatem, tandem iussu patris a fratribus delatus est ad loca solitudinis tutiora. 
4 Modo quoque consimili in insula lacus Perusini cuniculus quidam captus et viro Dei oblatus, cum ceteros fugeret, manibus eius et sinui se domestica securitate commisit. 
5 Per lacum Reatinum eidem ad eremum de Graecio properanti piscator unam ex devotione fluvialem obtulit avem. 
6 Quam cum libenter susceptam apertis invitaret manibus ad recessum, nec illa vellet abire, erectis in caelum oculis, diu in oratione permansit, et quasi aliunde post longam horam ad se reversus, dulciter iterato mandavit aviculae, ut Dominum laudatura recederet. 
7 Suscepta itaque cum benedictione licentia, gestu corporis queddam pratendens gaudium, avolavit. 
8 In eodem lacu similiter oblatus fuit ei piscis magnus et vivus, quem more solito fraterno nomine vocans, in aquam reposuit iuxta navem. 
9 Piscis vero coram viro Dei in aqua ludebat, et quasi amore ipsius allectus, nullatenus recessit a navi, nisi prius ab eodem cum benedictione licentia sibi data.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - VIII,8

8 
1 Em outra ocasião, em Grécio, ofereceram ao homem de Deus uma lebrinha viva, que, posta livre no chão, podendo fugir para onde quisesse, chamada pelo pai bondoso, saltou rapidamente para o seu colo. 
2 Acariciando-a com piedoso afeto do coração, parecia ser uma mãe para ela, e avisando-a com doces palavras, deixou-a ir embora, dizendo para não se deixar pegar outra vez. 
3 Como foi posta no chão muitas vezes para ir embora, mas sempre voltava ao colo do pai, como se por algum sentido oculto percebesse a piedade do seu coração, afinal, foi levada por ordem do pai para um lugar mais seguro de solidão. 
4 De maneira parecida, na ilha do lago de Perusa foi capturado e dado ao homem de Deus um coelho que, embora fugisse dos outros, entregava-se a suas mãos e a seu colo com doméstica segurança. 
5 Indo ele pelo lago de Rieti para o eremitério de Grécio, um pescador deu-lhe, por devoção, uma ave aquática. 
6 Recebeu-a de boa vontade e, abrindo as mãos, convidou-a a ir embora. Como ela não quis ir, levantou os olhos para o céu e ficou muito tempo em oração, voltando depois de uma longa hora como se viesse de outro lugar. Então mandou de novo à avezinha, com doçura, que fosse embora para louvar a Deus. 
7 Quando recebeu a licença com a bênção, demonstrou alegria com um gesto do corpo, e voou. 
8 No mesmo lago fizeram-lhe uma oferta parecida de um peixe grande e vivo, ao, qual, como costumava, chamou de irmão, e repôs na água junto do barco. 
9 Mas o peixe ficou brincando na água na frente do homem de Deus e como que atraído por seu amor, não se afastou do barco a não ser depois que lhe foi dada por ele a licença com a bênção.