Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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  • São Boaventura
  • Legenda Maior

TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - VII,5

5 
1 Transiens autem quodam tempore vir Dei cum socio per Apuliam iuxta Barum, invenit in via bursam magnam, quasi plena esset denariis, tumescentem, quam usitato vocabulo fundam appellant. 
2 Monetur a socio pauper Christi et instanter inducitur, ut bursa tollatur e terra, et pecunia pauperibus erogetur. 
3 Renuit homo Dei, commentum affirmans fore diaboli in bursa inventa, et fratrem non suadere rem meriti sed peccati, aliena scilicet surripere ac donare. 
4 Recedunt de loco, festinant iter perficere coeptum. 
5 Sed nondum quiescit frater, vacua pietate delusus, virum Dei molestans, quasi qui de relevanda pauperum penuria non curaret. 
6 Acquievit tandem vir mitis redire ad locum, non ut fratris voluntatem perficeret, sed ut detegeret diabolicam fraudem. 
7 Reversus ergo ad fundam cum fratre et iuvene quodam, qui erat in via, oratione praemissa, iubet socio illam levare. 
8 Tremefactus frater obstupuit, diabolicum iam praesentiens monstrum; propter obedientiae tamen sanctae mandatum dubietatem abigens cordis, manum extendit ad bursam. 
9 Et ecce, serpens non modicus, de bursa exsiliens simulque cum ipsa subito evanescens, diabolicam deceptionem fratri monstravit. 
10 Hostilis itaque versutiae deprehensa fallacia, dixit vir sanctus ad socium: ”Pecunia servis Dei, o frater, nihil aliud est quam diabolus et coluber venenosus”.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - VII,5

5 
1 Passando certa vez o homem de Deus com um companheiro pela Apúlia, perto de Bari, encontrou uma bolsa grande, daquelas que costumam chamar de “funda”, abarrotada, como se estivesse cheia de dinheiro. 
2 O pobre de Cristo foi aconselhado e instantemente induzido pelo companheiro para pegar a bolsa do chão e dar o dinheiro aos pobres. 
3 O homem de Deus não quis saber, afirmando que havia alguma coisa diabólica naquela bolsa, e que o frade não estava aconselhando uma coisa meritória mas um pecado: pegar o que era dos outros para dar. 
4 Afastaram-se do lugar, apressando-se para completar o caminho começado. 
5 Mas o frade não ficou sossegado, iludido pela piedade vazia, molestando o homem de Deus, como se nem se importasse de aliviar a penúria dos pobres. 
6 Afinal, o homem manso concordou em voltar para o lugar, não para fazer a vontade do frade, mas para mostrar a fraude diabólica. 
7 Voltando à funda com o frade e um jovem, que estava na estrada, fez primeiro uma oração e mandou que o frade a pegasse. 
8 Tremendo, o frade ficou assustado, já pressentindo o monstro diabólico, mas afastando do coração a dúvida pelo mandato da santa obediência, estendeu a mão para a bolsa. 
9 E eis que saiu da bolsa uma serpente não pequena, que sumiu de repente com ela, mostrando ao frade o engano diabólico. 
10 Desmascarada assim a esperteza enganosa do inimigo, disse o santo ao companheiro: “Ó irmão, para os servos de Deus o dinheiro não é senão o diabo e uma cobra venenosa”.