Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - VI,6

6 
1 Et quoniam humilitatem tam in se quam in subditis cunctis praeferebat honoribus, amator humilium Deus altioribus ipsum dignum iudicabat fastigiis, secundum quod uni fratri, viro virtutis et devotionis praecipuae, visio caelitus ostensa monstravit. 
2 Cum enim esset in comitatu viri Dei et una cum ipso in quadam ecclesia deserta ferventi oraret affectu, in ecstasi factus, vidit inter multas in caelo sedes unam caeteris digniorem, pretiosis ornatam lapidibus et omni gloria refulgentem. 
3 Miratus intra se praecelsi refulgentiam throni, anxia coepit cogitatione perquirere, quis ad illum deberet assumi. 
4 Audivit inter haec vocem dicentem sibi (cfr. Act 9,4); “Sedes ista unius de ruentibus fuit et nunc humili servatur Francisco”. 
5 Reversus demum frater ad se ab orationis excessu, virum beatum exterius prodeuntem solito fuit more secutus. 
6 Cumque incedentes per viam, de Deo invicem loquerentur, frater ille, visionis suae non immemor, solerter ab eo quaesivit, quid de se ipso sentiret. 
7 Ad quem humilis Christi servus: ”Videor”, ait, ”mihi maximus peccatorum”. 
8 Cui cum frater diceret ex adverso, quod hoc nec posset sana conscientia dicere nec sentire, subiunxit: ”Si quantumcumque sceleratum hominem tanta fuisset Christus misericordia prosecutus, arbitror sane, quod multo quam ego Deo gratior esset”. 
9 Confirmatus fuit frater ex tam admirabilis humilitatis auditu de veritate visionis ostensae, Evangelio sacro testante cognoscens, quod ad excellentiam gloriae, de qua superbus eicitur, vere humilis exaltetur.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - VI,6

6 
1 E como preferia a humildade às honras tanto em si como em todos os seus súditos, Deus, que ama os humildes, julgava-o digno dos mais altos postos, como mostrou uma visão celeste a um frade que era homem de virtude e de notável devoção. 
2 Como estava em companhia do santo homem de Deus e estivesse orando junto dele em uma igreja deserta com fervoroso afeto, arrebatado em êxtase, viu, entre muitos tronos no céu, um mais digno que os outros, ornado de pedras preciosas e refulgindo com toda glória. 
3 Admirado interiormente pela refulgência do destacado trono, começou a pensar ansiosamente quem deveria assumi-lo. 
4 Ouviu, nesse meio tempo, uma voz que lhe dizia: “Este trono foi de um dos que caiu e agora está reservado ao humilde Francisco”. 
5 Quando, afinal, o frade voltou do arrebatamento na oração, acompanhou, como costumava, o homem bem-aventurado que ia indo para fora. 
6 Caminhando pela estrada, falavam um com o outro sobre Deus, e o frade, não esquecido de sua visão, perguntou-lhe espertamente o que achava de si mesmo. 
7 Disse-lhe o humilde servo de Cristo: “Acho que sou o maior dos pecadores”. 
8 Como o frade lhe dissesse, ao contrário, que não podia dizer nem pensar isso em sã consciência, acrescentou: “Se algum homem, por mais celerado que fosse, recebesse tanta misericórdia de Cristo, eu acho com certeza que seria muito mais agradecido a Deus do que eu”. 
9 O frade ficou confirmado, ao ouvir humildade tão admirável, sobre a verdade da visão que tivera, sabendo, pelo testemunho do sagrado Evangelho, que o verdadeiramente humilde é exaltado à excelência da glória de onde é jogado o soberbo.