Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - IV,10

10 
1 Processu quoque temporis multiplicatis iam fratribus, coepit eos pastor sollicitus in foco Sanctae Mariae de Portiuncula ad generale capitulum convocare, ut in funiculo distributionis divinae in terra paupertatis (cfr. Ps 77,54; Gen 41,52) eorum unicuique tribueret obedientiae portionem. 
2 Ubi, licet omnium necessariorum esset penuria, fratrumque multitudo ultra quinque milia conveniret aliquando, divina tamen opitulante clementia, et victus sufficientia suberat, et salus comitabatur corporea, et spiritualis incunditas affluebat. 
3 Capitulis vero provincialibus, quia corporalem praesentiam exhibere non poterat, per sollicitam curam regiminis, instantiam precis et efficaciam benedictionis spiritu praesens erat, quamvis aliquando, mira Dei faciente virtute, visibiliter appareret. 
4 Dum enim egregius praedicator, qui et nunc Christi praeclarus confessor Antonius de titulo crucis: Iesus Nazarenus, rex Iudaeorum (Ioa 19,19), in Arelatensi capitulo fratribus praedicaret, quidam frater probatae virtutis, Monaldus nomine, ad ostium capituli divina commonitione respiciens, vidit corporeis oculis beatum Franciscum in aëre sublevatum, extensis velut in cruce manibus, benedicentem fratres. 
5 Tanta vero et tam insolita fratres omnes consolatione spiritus (cfr. Act 9,31) repletos se fuisse senserunt, ut de vera sancti patris praesentia certum eis intra se Spiritus testimonium perhiberet (cfr. Ioa 1,7), licet postmodum id non solum per evidentia signa, verum etiam per eiusdem sancti patris verba exteriore fuerit attestatione compertum. 
6 Credendum sane, quod omnipotens Dei virtus, quae Ambrosium, sacrum antistitem, tumulationi gloriosi concessit interesse Martini, ut pium pontificam pio veneraretur officio, 
7 etiam servum suum Franciscum praedicationi praesentavit veracis sui praeconis Antonii, ut approbaret veritatis eloquia, praecipue crucis Christi, cuius erat et baiulus et minister.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - IV,10

10 
1 Com o correr do tempo, já multiplicados os frades, o pastor começou a convocá-los solícito no lugar de Santa Maria da Porciúncula para o capítulo geral, para que, na medida da distribuição divina, desse a porção da obediência a cada um na terra da pobreza. 
2 Embora houvesse penúria de tudo que era necessário, aí se reunia às vezes uma multidão de mais de cinco mil frades, e, com a ajuda da clemência divina, havia suficiência de comida, acompanhava-a a saúde do corpo e transbordava a alegria espiritual. 
3 Mas nos capítulos provinciais, como não podia estar corporalmente presente, estava presente em espírito, pelo cuidado solícito de orientações, pela insistência das preces e pela eficácia da bênção, embora tenha havido alguma vez em que apareceu visivelmente, por admirável obra de Deus. 
4 Pois uma vez, quando o egrégio pregador, e hoje preclaro confessor de Cristo, Antônio, pregava aos frades, no capítulo de Arles, sobre o título da cruz: Jesus Nazareno, rei dos Judeus, um frade de comprovada virtude, chamado Monaldo, olhando para a porta do capítulo por inspiração divina, viu com os olhos corporais o bem-aventurado Francisco elevado no ar, com os braços abertos em cruz, abençoando os frades. 
5 Todos os frades sentiram-se repletos de tanta consolação do espírito que o testemunho do Espírito deu-lhes interiormente a certeza da presença verdadeira do santo pai. Isso foi confirmado mais tarde por testemunho exterior, não só por sinais evidentes mas também pelas palavras do santo pai. 
6 Devemos crer, é claro, que a virtude de Deus onipotente, que permitiu que Ambrósio, bispo sagrado, estivesse presente no enterro do glorioso Martinho, para que venerasse com piedoso afeto aquele piedoso pontífice, 
7 também tornou presente o seu servo Francisco na pregação de Antônio, seu verdadeiro pregoeiro, para aprovar a veracidade do discurso, principalmente da Santa Cruz, de que era portador e ministro.