Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - IV,4


1 Contrahentibus autem fratribus moram in loco praefato, vir sanctus die quadam sabbati civitatem intravit Assisii, praedicaturus mane diei dominicae, ut moris erat, in ecclesia cathedrali. 
2 Cumque in quodam tugurio sito in horto canonicorum vir Deo devotus in oratione Dei more solito pernoctaret, corporaliter absentatus a filiis; ecce, fere media noctis hora, quibusdam ex fratribus quiescentibus, quibusdam perseverantibus in orando, currus igneus (cfr. 4Re 2,11) mirandi splendoris, per ostium domus intrans, huc atque illuc (cfr. 4Re 2,14) per domicilium tertio se convertit, supra quem globus lucidus residebat, qui solis habens aspectum, noctem clarere fecit. 
3 Obstupefacti sunt vigilantes, excitati simul et exterritii dormientes, et non minus senserunt cordis claritatem quam corporis, dum ex virtute mirandi luminis alterius alteri conscientia nuda fuit. 
4 Intellexerunt namque concorditer omnes, videntibus invicem universis in cordibus singulorum, sanctum patrem absentem corpore, praesentem spiritu (cfr. 1Cor 5,3) tali transfiguratum effigie, supernis irradiatum fulgoribus et ardoribus inflammatum supernaturali virtute in curru splendente simul et igneo sibi demonstrari a Domino, ut tamquam veri Israelitae post illum incederent, qui virorum spiritualium, ut alter Elias, factus fuerat a Deo currus et auriga (cfr. 4Re 2,11.12; Ioa 1,47). 
5 Credendum sane, quod ille horum simplicium aperuit oculos (cfr. Ioa 9,32) ad preces Francisci, ut viderent magnalia Dei (cfr. Sir 18,5), qui oculos quondam aperuerat pueri ad videndum montem plenum equorum et igneorum curruum in circuitu Elisei (cfr. 4Re 6,17). 
6 Regressus autem vir sanctus ad fratres, coepit conscientiarum ipsorum secreta rimari, confortare ipsos de visione illa mirabili, et de profectu Ordinis multa futura praedicere. 
7 Cumque patefaceret plurima quae sensum transcendebant humanum, vere cognoverunt fratres, super servum suum Franciscum Spiritum Domini in tanta plenitudine quievisse (cfr. Is 11,2), quod post ipsius doctrinam et vitam erat eis proficisci tutissimum.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - IV,4


1 Enquanto os frades mantinham sua moradia no referido lugar, num sábado, o homem santo entrou na cidade de Assis para pregar na manhã de domingo na igreja catedral, como era costume. 
2 Como o varão devotado a Deus pernoitasse na oração a Deus, como costumava, num tugúrio que ficava na horta dos cônegos, ausente corporalmente dos filhos, eis que, lá pela meia-noite, enquanto alguns frades descansavam e outros continuavam rezando, um carro de fogo de admirável esplendor entrou pela porta da casa e virando de um lado para o outro por três vezes no domicílio. Sobre ele permanecia um globo luminoso, com o aspecto do sol, e fez a noite ficar clara. 
3 Os que estavam acordados ficaram estupefatos, os que dormiam foram acordados apavorados, e não sentiram menos a claridade do coração que a do corpo, pois em virtude da luz admirável, a consciência de cada um ficou despida diante dos outros. 
4 Compreenderam, todos de acordo, vendo cada um tudo que havia nos corações dos outros, que o santo pai, ausente de corpo, estava presente em espírito, transfigurado naquela imagem, irradiado pelos fulgores supernos, e inflamado pelos ardores. O carro resplandecente pela virtude sobrenatural e ao mesmo tempo de fogo, lhes estava sendo mostrado pelo Senhor para que como verdadeiros israelitas caminhassem atrás daquele que, como outro Elias, tinha sido feito para Deus carro e condutor dos varões espirituais. 
5 Devemos crer que Ele abriu os olhos daqueles simples pelas preces de Francisco, para que vissem as maravilhas de Deus, que abriu outrora os olhos do menino para ver um monte cheio de cavalos e de carros de fogo ao redor de Eliseu. 
6 Quando o homem santo voltou aos frades, começou a esquadrinhar os segredos de suas consciências, a confortá-los com aquela visão maravilhosa e a predizer muitas coisas futuras sobre o progresso da Ordem. 
7 Ao descobrir numerosas coisas que transcendiam o sentido humano, os frades souberam de verdade que o Espírito Santo repousava com tanta plenitude sobre seu servo Francisco que era mais do que seguro para eles seguir atrás de sua vida e doutrina.