Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

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TEXTO ORIGINAL

Legenda Maior - III,10

10 
1 Omnipotentis autem Dei famulus, totum se conferens ad orandum, precibus devotis obtinuit et quid exterius ipse proferret, et quid interius Papa sentiret. 
2 Nam cum parabolam de divite rege cum muliere formosa et paupere contrahente gratanter et de prole suscepta praeferente generantis regis imaginem, ac per hoc educanda de mensa ipsius, sicut a Deo acceperat, retulisset, ex illius interpretatione subiunxit:
3 “Non est formidandum, quod fame pereant aeterni Regis filii et heredes, qui ad imaginem Regis Christi per Spiritus sancti virtutem de paupere matre nati, et ipsi per spiritum paupertatis sunt in religione paupercula generandi. 
4 Si enim Rex caelorum imitatoribus suis regnum promittit aeternum (cfr. 2Pet 1,11), quanto magis illa subministrabit, quae communiter largitur bonis et malis (cfr. Mat 5,45)”. 
5 Hanc ergo parabolam et intellectum ipsius Christi Vicarius cum diligenter audisset, miratus est valde et indubitanter Christum locutum in homine recognovit. 
6 Sed et visionem, quem tunc temporis e caelo perceperat, in hoc viro fore complendam, Spiritu divino suggerente, firmavit. 
7 Videbat namque in somnis, ut retulit, Lateranensem basilicam fore proximam iam ruinae, quem quidam homo pauperculus, modicus et despectus (cfr. Is 16,14; 53,3), proprio dorso submisso, ne caderet, sustentabat. 
8 ”Vere”, inquit, ”hic ille est, qui opere et doctrina Christi sustentabit Ecclesiam”. 
9 Inde praecipua devotione repletus, petitioni eius se per omnia inclinavit ac Christi famulum speciali semper amore dilexit. 
10 Proinde postulata concessit et adhuc concedere plura promisit. 
11 Approbavit regulam, dedit de poenitentia praedicanda mandatum et laicis fratribus omnibus, qui servum Dei fuerant comitati, fecit coronas parvulas fieri, ut verbum Dei (cfr. Luc 11,28) libere praedicarent.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Maior - III,10

10 
1 Mas o servo de Deus onipotente, entregando-se totalmente à oração, obteve com devotas preces tanto o que devia proferir exteriormente como o que o papa sentiria interiormente. 
2 Pois, como tinha recebido de Deus, contou uma parábola sobre um rei rico que se casara feliz com uma mulher formosa e pobre e sobre a prole que nasceu trazendo a semelhança com o rei, que a gerou, e por isso devia ser educada em sua mesa. De sua interpretação, acrescentou: 
3 “Não se deve temer que morram de fome os filhos e herdeiros do Rei eterno, que nasceram à imagem de Cristo rei pela virtude do Espírito Santo de uma mãe pobre, e eles deverão ser gerados pelo espírito de pobreza em uma religião pobrezinha. 
4 Pois se o rei dos céus promete a seus imitadores o reino eterno, quanto mais vai servir-lhes tudo que comumente dá aos bons e aos maus?”. 
5 Tendo ouvido atentamente essa parábola e sua explicação, o Vigário de Cristo ficou muito admirado e reconheceu que, sem dúvida, Cristo tinha falado naquele homem. 
6 Mas também confirmou uma visão, que tinha recebido do céu nesse tempo, que havia de cumprir-se naquele homem, por sugestão do Espírito Santo. 
7 Pois tinha visto em sonhos, como contou, que a basílica do Latrão estava para ruir e que um homem pobrezinho, pequeno e desprezado, sustentara-a colocando embaixo as próprias costas para que não caísse. 
8 “Na verdade”, disse, é este homem que, pela obra e doutrina de Cristo, vai sustentar a Igreja”. 
9 Por isso, cheio de especial devoção, inclinou-se em tudo para o seu pedido e sempre amou o servo de Cristo com especial amor. 
10 Então, concedeu o que tinha sido pedido e prometeu conceder-lhe ainda mais. 
11 Aprovou a regra, deu um mandato de pregar a penitência também para todos os irmãos leigos que tinham acompanhado o servo de Deus, mandou que fizessem pequenas coroas e que pregassem livremente a palavra de Deus.