Página de Estudos das Fontes Pesquisadas

  • Fontes Clarianas
  • Fontes Históricas
  • Legendas
  • Legenda Versificada

TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 31

XXXI- Quod Papa Innocentius infirmam visitavit absolvit et benedixit.

Propositum complere suum de virgine summus 
Acelerat Sponsus, cupiens inferre supernis 
Thecis purgatum repetitis ignibus aurum, 
In potiora sui thalami deducere sponsam, 
Ut cui compassa fuerat conregnet eidem. 
Cuius deliciis virgo suspensa, perorat 
Vincula dirumpi carnis, de carcere mortis 
In libertatem revehi, cum divite Christo 
Ditari; que dum terris paupercula Sponsum 
Mendicum sequitur, percussum saucia, passum 
Conpatiens, humilis humilem, mitisque benignum, 
Conregnare sibi sperat fierique coheres. 
Menbris attritis languore, supervenit illi 
Morbus finalis, qui per compendia mortis 
Dum corpus perimit, dum carnis vincla resolvit, 
Istius exilii fit meta malique recessus, 
Ingressus vite, patrie reditusque perhennis. 
Pontificum summus Claram iam summa petentem 
Visere deproperat; et quam sub tempore nostro 
Femineum vulgus merito precellere vite 
Conperiit, dignum ducit presentia Pape, 
Funus ut ipsius celebri veneretur honore. 
Inque monasterium veniens lectoque propinquans 
Languentis, dextram sibi porrigit. Oscula figit 
Clara, petitque pedem; quem scandens Papa scabellum 
Commodat; huic virgo sursum pariterque deorsum 
Obscula defigens, inclinat se reverenter. 
A quo cum peteret peccamina cuncta remitti, 
I[n]fert hic: ‘Utinam venie michi sic opus esset!’ 
Post absolvit eam summus pater et benedicit. 
Cumque recessisent omnes, quia virgo Ministri 
De manibus sacram Christi susceperat escam, 
Erectis oculis sursum manibusque plicatis 
Ad Dominum, lacrimans affatur mater alumpnas: 
‘Filiole, laudate Deum, dignatio cuius 
Concessit pietate sua michi talia dona, 
Que conpensare celum vel terra nequiret: 
Ipsum suscepi Christum, meruique videre 
Celi Clavigerum, Domini summumque Ministrum’.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 31

XXXI – O papa Inocêncio a visitou, absolveu e abençoou quando estava doente

Apressou-se o Esposo sumo para cumprir seu propósito sobre a virgem, querendo levar para os receptáculos supernos o ouro tantas vezes purificado no fogo, querendo levar para seus melhores aposentos a esposa, para que ela, que padecera com Ele, com Ele também reinasse. 
Suspensa nas suas delícias, a virgem suplicava que se rompessem as cadeias da carne, que pudesse voltar do cárcere da morte para a liberdade, ser feliz com o Cristo rico ela que, quando era pobrezinha na terra, seguiu o esposo mendigo, acompanhou-o ferida quando o golpearam, sofreu junto quando Ele padeceu, foi humilde com o humilde, mansa com o bondoso, esperava reinar com Ele e tornar-se sua co-herdeira. 
Esmagados os membros pela enfermidade, sobreveio-lhe a doença final que, para compensar a morte, enquanto acaba com o corpo, enquanto quebra as cadeias da carne, torna-se a meta do seu exílio e o recesso do mal, ingresso na vida, volta perene para a pátria. 
O sumo pontífice tratou de ir depressa visitar Clara, que já estava chegando ao final. E quanto ficou claro que em nosso tempo o povo feminino destacou-se pelo mérito da vida, foi julgado digno da presença do papa, para que seu funeral fosse venerado com honra célebre. 
Assim, vindo ao mosteiro e aproximando-se do leito da enferma, ofereceu-lhe a destra. Clara beijou-a e pediu o pé. O papa o facilitou, subindo em um banquinho. Dando-lhe beijos por cima e por baixo, a virgem se inclinou reverentemente. 
Tendo pedido que lhe perdoasse todos os pecados, ele respondeu: “Oxalá precisasse eu desse perdão!” Depois o sumo pai a absolveu e abençoou. 
Quando todos foram embora, como a virgem tinha recebido das mãos do ministro o sagrado alimento de Cristo, levantou os olhos para o céu e, de mãos postas para o Senhor, disse chorando a suas discípulas: “Filhinhas, louvai a Deus, que o céu e a terra não conseguiriam compensar: recebi o próprio Cristo e mereci ver o porteiro do céu, o maior ministro do Senhor”.