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TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 30

XXX- De infirmitatibus eius et languore diutino. 

Per quadragenos annos hec virgo cucurrit 
In paupertatis stadio, pertingere querens 
Ad bravium (cfr. 1Cor 9,24) vite, spe cuius levia ducens 
Aspera, cum muitos cruciatus sponte subisset, 
Pressuris variis macerasset corpus, ut eius 
Tellus multiplici meritorum germine pollens, 
Culturis repetita novis et vomere duro 
Scissa nove frugis crementis gratior esses; 
Invaluere mala carnis, tabescere cepit 
Corpus, languoris longevi mole gravatum. 
Dispensante Deo factum fore creditur, ut quem 
Strenuitas fecit operum splendore coruscam, 
In tollerando fores meritis prestantior, atque 
Passio victricem faceret, quem strenuus actus 
Hostibus attritiis dederat splendere tropheis. 
Quesitas sibi servas opes patientia, custos 
Virtutum, gaudetque novos apponere census. 
Non minus infirme prestat patientia, servans 
Virtutes alias quasi thesauraria virtus, 
Quam quevis alia, propria que forte meretur. 
Equat querendi meritum quesita reservans; 
“Nec minor est virtus quem querere, parta tueri”. 
Fit sera virtutum pacientia, pacis amica, 
Nobilior cunctis morum resplendet in aula. 
Inter virtutes magis hec prestare videtur, 
Que dum divitias aliarum servas easque 
Accumulat, summe sibi querit premia laudis. 
Nobile virtutum genus est patiendo mereri, 
Vincere dum patitur; nichil est prestantius ista 
Virtutum spetie; fit eo magis in patiente 
Iocundum meritum, quo passio dulcior extat; 
Quo magis in carne patiens affligitur, eius 
Fortior est animus. Carnis languore frequenter 
Perficitur virtus (cfr. 2Cor 12,9): sic languor deliciosus 
Estat, sic morbus dulcis, sic passio lenis, 
Sic ylaris mala cuncta subis, quod nulla querela 
Seu murmur resonat. Nec solum fortiter, immo 
Gratanter quasi delicias, sic excipit omnes 
Languores; in eis sibi premia magna requirit. 
Altius est meritum, quo fit productior eius 
Morbus; et ut maius meritum, sic gloria maior. 
Cum foret urgente morbo iam proxima morti, 
Disposuit Christus obitum differre, quod eius 
Romanus Presul solleniter exequeretur 
Funus et exequiis dignos adhiberet honores. 
Tunc faciente moram Lugduni Presule summo, 
Cum languore gravi nimium fores attenuata 
Mater, acerbisque meroribus afficerentur 
Corda puellarum, quaedam virgo monialis 
De sancto Paulo meruit subscripta videre. 
Monstrabatur ei quod apud sanctum Damianum 
Staret et in lecto pretioso Clara iaceret. 
Cum sotie flerent de matris morte propinqua, 
Ad caput apparens mulier formosa Sorores 
Alloquitur, quarum fletus lacrimasque remulcens, 
Inquit: ‘Nolite victuram plangere’; subdens 
Esse prius Dominum cum discipulis rediturum, 
Quam languens virgo moriatur. Et ecce, brevi post 
Tempore decurso, pervenit Curia tota Perusium. 
Postquam novit sic esse gravatam, 
Visere languentem festinat episcopus ille 
Cui dat cognomen venerabilis Ostia sedis. 
Hic pater officio, cura studiosus alumpnus, 
Affectuque pio fuerat sibi carus amicus. 
Pascit eam Christi vitalis corporis esca, 
Et reliquas dulci reficit sermone puellas. 
Huic sotias lacrimando suas aliosque Sororum 
Cetus obnixe virgo commendat, et illud 
Precipue rogat ut titulus de paupere vita 
Sedis apostolice scriptum confirmet eisdem. 
Spondet; et ad votum, quod Clara precatur, adimplet. 
Annali spatio decurso, Papa profectus 
Asisium venit, ut perficerentur in illo 
Hec que de Clare fuerant previsa recessu. 
Cum sit trans hominem citraque Deum, satis apte 
Altior offitio Domini gerit ipse figuram; 
Discipulosque sui fratres signare videntur, 
Utpote qui quasi membra sibi specialius herent.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 30

XXX – Suas doenças e sofrimento constante

Por quarenta anos esta virgem correu no estádio da pobreza buscando alcançar o prêmio (cfr. 1Cor 9,24) da vida, por cuja esperança achava leves as coisas ásperas, tendo-se submetido espontaneamente a muitos sacrifícios, tendo macerado o corpo com várias mortificações para que seu terreno, rico pelo germe de muitos méritos, sempre cultivado com novas culturas e rasgado pelo duro arado, fosse mais gratificado por novas colheitas. 
Cresceram os males da carne, o corpo foi ficando doente, já agravado pelo peso de um mal antigo. Acredita-se que tenha sido por graça de Deus que aquela a quem o valor da luta tinha feito brilhar em obras, fosse até mais valorosa em méritos para tolerar, e o padecimento tornou vencedora aquela a quem a ação valorosa concedera que fosse resplandecente nos troféus por ter esmagado os inimigos. 
Guardou pela paciência as riquezas que lhe foram pedidas, defensora das virtudes, e se alegrou por acrescentar novos resultados. Não teve menor paciência como enferma, guardando as outras virtudes como uma virtude tesoureira, que mereceu provavelmente tanto quanto qualquer outra. 
Igualou o mérito da busca, reservando o que buscava: “Não é menor virtude do que buscar o saber defender o que se conseguiu”. A paciência tornou-se defesa das virtudes, amiga da paz. E resplandeceu em seu ambiente, mais nobre que todos nos costumes. 
Entre as virtudes parece sobressair esta que, enquanto preserva e ajunta as riquezas das outras, busca para si mesma o prêmio do louvor supremo. É um nobre tipo de virtudes merecer padecendo, vencer enquanto se padece. Nada vale mais do que essa espécie de virtudes. No que padece torna-se mais agradável o mérito quanto mais doce for a paixão. Quanto mais o paciente sofre na carne, mais forte é seu ânimo. No sofrimento da carne, muitas vezes aperfeiçoa-se a virtude (cfr. 2Cor 12,9). E assim o sofrimento torna-se delicioso, a doença doce, a paixão leve. Assim suporta com alegria todos os males, pois não se ouve nenhuma queixa ou murmuração. E assim recebe todos os sofrimentos não só com força mas até com gratidão, como se fossem prazeres. E neles busca os seus maiores prêmios. Tanto mais elevado é o mérito quanto mais produtiva for sua doença. E, assim, maior é a glória. 
Como já estivesse próxima da morte, pela força da doença, Cristo dispôs que se passamento fosse adiado, para que o pontífice romano realizasse solenemente seu funeral e as exéquias tivessem as honras condignas. 
Demorando-se, então, o sumo pontífice em Lião, como a madre estava enfraquecida por uma doença grave demais e padecessem sofrimentos atrozes os corações das filhas, uma virgem monja de São Paulo mereceu ter uma visão que vamos contar. 
Foi mostrado que estava em São Damião e Clara jazia em um leito precioso. Estando as companheiras a chorar a morte próxima da madre, apareceu na cabeceira uma formosa mulher, que se dirigiu às Irmãs, consolando seus prantos e lágrimas, e disse: “Não chorem a que vai vencer”. Acrescentando que o Senhor estaria de volta com os discípulos antes que a virgem morresse. 
Eis que, passado pouco tempo, a cúria inteira chegou a Perusa. Quando soube que ela estava mal, foi logo visitá-la aquele bispo que recebe o nome da venerável sé de Óstia. Este, pai por ofício, mas diligente discípulo pelo cuidado, fora um seu amigo querido, pelo piedoso afeto. Alimentou-a com o pão da vida do corpo e reanimou com palavras amáveis as outras filhas. 
Chorando, a virgem recomendou-lhe insistentemente as suas Irmãs e os outros grupos, e pediu principalmente que lhes confirmasse o título da vida pobre com um documento da Sé Apostólica. Ele respondeu e cumpriu o desejo que Clara expressou. 
Passado um ano, o papa veio a Assis para que nele se cumprissem as coisas que, em sua ausência, tinham sido previstas sobre Clara. Como está para lá dos homens e para cá de Deus, com bastante propriedade é ele pelo alto cargo um representante do Senhor. E parece que os seus Irmãos representam os discípulos, uma vez que a ele estão especialmente ligados como membros.