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TEXTO ORIGINAL

Legenda Versificata - 4

IV - Incipit legenda et primo que fuit necessitas novorum Ordinum. 

Ingenite lucis splendor, genitusque perhempnis, 
Principium de principio, sapientia cuius 
In varias causas discrevit semina rerum, 
Humani generis lapsu permotus, in alvum 
Virginis advenit, carnem suscepit, utramque 
Naturam copulans divini Neumatis arte. 
Tamquam de thalamo sponsus (cfr. Ps 18,6) celestis ab alvo 
Virginis egrediens, fragilis sub carnis amictu 
Exiit in canpum; tandem cum principe mortis 
Conflingens, sub fraude pia pius ipse redemptor 
Hostis congressu miro commenta refellit, 
Languores nostros pretiosi sanguinis unda 
Diluit in lingno pendens: ibi dampna resolvit, 
Que vetiti lingni gustus congessit in orbem. 
Quam prius ecclesiam sub mortis agone redernit, 
Hanc in apostolicis Christus fundavit alumpnis; 
Per quos insonuit veri doctrina per orbem, 
Et mundi rengna fidei substrata fuere. 
Cuius pura seges, lolio crescente maligno, 
Temporibus nostris emarcuit, ipsaque virtus 
Succubuit vitio; putruit concreta reatu 
Ecclesie facies; heresis, que senper id egit 
Scinderet ut Domini tunicam, non serpit, ut olim, 
Nec latet in caveis; veteres exuta latebras 
Publicat errores et dogmata falsa tuetur. 
Erravit populus, erravit et ipse sacerdos; 
Erravere duces: studium pastoris ovile 
Deseruit, neglexit oves servare, luporum 
Faucibus exponens; doctorum lingua quievit, 
Ipsaque desipuit claustralis vita. Quid ultra? 
Excipiens nullum, clausit genus omne reatus. 
Sic crevere mala, sic friguit ignis amoris, 
Quod ratis ecclesie, numerosis fluctibus acta, 
Innumeris depressa malis, illisa procellis 
Ingemuit, cordis suspiria traxit ab imo; 
Nec rata iam sistens, pelago quasi mersa profundo, 
In solum Chistum gemitus lacrimasque reduxit. 
Cuius naufragio cupiens occurrere nauta 
Celestis, lacrimasque suas detergere, binos 
Precones misit, quasi splendida sydera, quorum 
Luce nova, splendore novo claresceret orbis; 
Pulsis errorum nebulis vitiisque recisis 
Eloquii falce, fidei cultura vigeret. 
Hos velud occiduas sub mundi vespere stelIas 
Edidit, accendens eterni luminis [h]austu, 
Ut mundi senium sub eorum luce novetur. 
Hii duo sub vario ritu, sub dispare veste, 
Mundi labentis spreverunt gaudia, Christi 
Conformi voto vestigia sacra secuti. 
Unus, transumens de nomine Domini nomen, 
Preconum Christi speculum fuit adque viator; 
Alter, Franciscus, qui vili veste minorem 
Cunctis se prebens, dux estitit ipse Minorum. 
Parvulus in mille crevit, tenuisque lapillus 
In montem magnum (cfr. Dan 2,35), grandis de fonte pusillo
Processit fluvius (cfr. Est 10,6; 11,10) vasto diffusus in orbe;
Irriguum cuius animas rigat, adque salubris 
Potu doctrine vitiorum comprimit estum. 
Hic transire videns fugientis gaudia mundi, 
Adque voluptates carnis cum carne perire, 
Et, nisi per pugnam, nullam superesse coronam, 
Bellum cum mundo subiit, cum principe mundi 
Mirum commisit fragili sub vase duellum. 
Incentiva domans, in mortis corpore Christo 
Comoriens, membrisque suis pia stigmata portans (cfr. 2Tim 2,11; Gal 6,17), 
Aerias acies et sevi demonis iras, 
Spirituum furias ignitaque spicula trivit. 
Non utens ferro novus hic athleta novellas 
Armorum species fidei congessit in arcem: 
Firma fides cordis et confidentia verbi, 
In cruce pendentis Christi compassio mira, 
Rerum conten[p]tus, carnis sopita voluntas, 
Excubie noctis, sinplex oratio mentis, 
Parca cibi, potus assunptio, verbera carnis, 
Corda rudis nudique pedes, simul aspera vestis 
Huius apostolici munimen et arma fuere. 
In se flammatus divini Neumatis igne 
Et de se prebens aliis exenpla, beati 
Luminis est dictus ardens lucensque lucerna (cfr. Ioa 5,35): 
Preditus hiis donis alter fuit iste Iohannes 
...Hic pugne novitate calens fervensque sub armis 
Militat ecclesie castris, cum prole tuetur 
Catholice fidei muros, heresisque nephande 
Argutos stimulos confundit acumine veri; 
Hic splendore sue vite, dulcedine verbi 
Multos irradians pavit, multosque retraxit 
De mundi pelago, scelerumque voragine mersos 
Inpulit ad portum venie, regnique beati 
Participes fecit quos mendicare sub isto 
Tenpore predocuit, et quos abiectio vite 
Reddidit hic miseros celo dedit esse beatos.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda Versificada - 4

IV – Começa a Legenda e, em primeiro lugar, qual foi a necessidade de novas ordens. 
O esplendor da luz ingênita, perenemente gerado, princípio do princípio, cuja sabedoria distinguiu em causas diversas as sementes das coisas, movido pela queda do gênero humano, veio para o seio da Virgem, por obra do Espírito Santo. 
Como um esposo de seus aposentos (cfr. Sl 18,6), saiu do seio da Virgem celeste e, revestido da carne frágil, entrou em campo. Afinal, combatendo com o príncipe da morte, sob uma piedosa fraude, o próprio piedoso Redentor repeliu os projetos do inimigo num admirável encontro. 
Diluiu nossos sofrimentos na água do seu sangue precioso quando pendeu na cruz: aí resolveu os danos que o saborear do fruto proibido tinham ajuntado no mundo. 
Aquela Igreja que ele primeiro redimiu na agonia da morte, Cristo a fundou nos discípulos apostólicos, pelos quais ressoou mundo afora a doutrina da verdade e os reinos do mundo foram conquistados para a fé. Cuja plantação pura, pelo crescimento do joio maligno, murchou em nossos tempos, e a própria virtude sucumbiu ao vício; apodreceu a face da Igreja, endurecida pelo reato. A heresia, que sempre precisou disso para rasgar a túnica do Senhor, não serpenteia como outrora, nem se esconde nos porões, despindo os antigos subterfúgios, publica os erros e defende os dogmas falsos. 
Errou o povo, errou o próprio sacerdote, erraram os chefes: o cuidado o pastor abandonou o ovil, descuidou de guardar as ovelhas, expondo-as às fauces dos lobos. Calou-se a língua dos doutores, arrefeceu a própria vida do claustro. 
Que mais? Concluiu todo tipo de reato, sem excluir nenhum. Assim cresceram os males, assim se esfriou o fogo do amor, pois a jangada da Igreja, agitada por ondas incontáveis, deprimida por males inúmeros, sacudida pelas tempestades, gemeu, arrancou suspiros lá do fundo do coração. Já não conseguindo manter-se firme, como que mergulhada em um mar profundo, tornou a voltar seus gemidos e lágrimas só para Cristo. 
Querendo ir ao encontro de seu naufrágio e enxugar suas lágrimas, o Navegante celeste enviou dois mensageiros, como astros esplêndidos, para iluminar o mundo com um novo esplendor pela sua luz nova, expulsando as névoas dos erros e cortando os vícios com a foice de sua palavra, vigorasse a cultura da fé. Mandou-os como estrelas cadentes no entardecer do mundo, acendendo-os com o sopro do clarão eterno, para renovar com sua luz o que estava envelhecido no mundo. 
Esses dois, de formas variadas e com vestes diferentes, desprezaram os gozos do mundo que passa, seguindo por voto os vestígios sagrados da conformidade com Cristo. Um deles, tomando seu nome do nome do Senhor, foi espelho e condutor dos pregadores de Cristo. Outro, Francisco, que se apresentou diante de todos com roupa vil, tornou-se o comandante dos Menores. 
O que era pequeno cresceu como mil, a pedrinha minúscula transformou-se em alta montanha (cfr. Dn 2,35), da pequena fonte saiu um vasto rio (cfr. Est 10,6; 11,10), que se derramou pelo mundo. Sua água rega o mundo e a bebida da doutrina saudável acaba com o calor do vícios. 
Este, vendo como eram passageiros os gozos do mundo que foge, e que os prazeres da carne morrem com a carne, não sobrando coroa nenhuma se não for conquistada na luta, entrou em guerra com o mundo, enfrentou um admirável duelo com o príncipe do mundo, mesmo estando em um corpo frágil. 
Domando os impulsos, participando da morte de Cristo em seu corpo e levando em seus membros os piedosos estigmas (cfr. 2Tm 2,11; Gal 6,17), esmagou os exércitos do ar e as iras do cruel demônio, as fúrias dos espíritos e os dardos de fogo. 
Sem usar o ferro, aquele novo atleta juntou na fortaleza da fé novas espécies de armas: uma fé firme do coração e a confiança na palavra, uma compaixão admirável pelo Cristo pendente da cruz, o desprezo das coisas, a vontade da carne refreada, vigílias noturnas, oração simples da mente, parcimônia na comida, suspensão da bebida, açoites na carne, uma corda rude, pés descalços e ainda uma roupa áspera. Foram essas as munições e as armas do apóstolo. 
Todo inflamado no fogo do divino Espírito, e aos outros dando exemplo, foi chamado de lâmpada acesa e iluminadora (cfr. Jo 5,35) da bem-aventurada Luz eterna: dotado desses dons, ele foi um segundo João. 
Este, esperto na nova maneira de lutar e fervoroso na armadura, militou nos acampamentos da Igreja com seus filhos, protegeu os muros da fé católica e confundiu os estímulos da nefasta heresia com o corte da verdade. 
Este, pelo esplendor de sua vida, pela doçura da palavra, espantou a muitos radiantemente, a muitos afastou do abismo do mundo e, mergulhados no redemoinho dos crimes, levou-os ao porto do perdão, tornando participantes do Reino bem-aventurado aqueles que ensinou pelo exemplo a mendigar neste tempo, e aos que o desprezo da vida tornou miseráveis, ele lhes deu oportunidade de serem bem-aventurados no céu.