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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 59

De sanatione a tumoribus gutturis

59 Tumores gutturis, quos vulgari sermone scrofulas vocant, puella quaedam Perusina cum dolore multo diu portaverat. Viginti quidem glandulae suo numerabantur in gutture, ut ipsum puellae guttur satis grossius capite videretur. Duxit eam saepe mater eius ad memoriam virginis Clarae, ubi ipsius sanctae beneficium devotissime implorabat. Cumque tota quadam nocte ante sepulcrum puella iaceret, prorumpente sudore, strumae illae mollificari coeperunt ac de suo loco paululum commoveri. Processu vero temporis per sanctae Clarae merita sic evanuerunt, ut nulla penitus vestigia remanerent. 
Consimile malum una de sororibus, Andrea nomine, dum adhuc in carne virgo Clara maneret, portabat in gutture suo. Mirum certe, quod in medio lapidum ignitorum anima tam frigida latitabat, et inter prudentes virgines (cfr. Mat 25,1-2) stultizabat imprudens. Haec siquidem nocte quadam guttur suum usque ad praefocationem constrinxit, ut globum illum per buccam projiceret, volens de seipsa divinam supergredi voluntatem. 
Sed hoc incontinenti per spiritum Clara cognovit. Curre, inquit, uni, curre velociter in inferiorem domum, et ovum calefactum sorori Andreae de Ferraria sorbendum praebe, simulque cum ipsa ad me ascende. 
Properans illa reperit dictam Andream loquela privatam, propriae manus injectione suffocationi propinquam. Relevat eam, ut potest, et secum ducit ad matrem; cui et dixit famula Dei: Misera, cogitationes tuas Domino confitere, quas et ego bene cognovi. Ecce quod sanare voluisti sanabit Dominus Iesus Christus. Sed vitam muta in melius, quoniam de infirmitate alia, quam patieris, non consurges. 
Ad cuius verbum spiritum compunctionis accepit, et vitam satis egregie mutavit in melius. Post modicum ergo sanata de scrofulis, de alia infirmitate migravit.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 59

Cura de tumores da garganta

59 Uma moça de Perusa sofrera longamente muita dor com uns tumores da garganta, que o povo chama de escrófulas. Em sua garganta, dava para contar umas vinte bolhas, de modo que o pescoço dela parecia bem mais grosso que a cabeça. Sua mãe levou-a muitas vezes ao túmulo da virgem Clara, onde, com toda devoção, implorava a santa em seu favor. Uma vez, a moça ficou a noite inteira deitada diante do sepulcro, suou muito e os tumores começaram a amolecer e a sair um pouco do lugar. Com o tempo e pelos méritos de Santa Clara, desapareceram de tal modo que não sobrou absolutamente nenhum vestígio deles. 
Ainda durante a vida da virgem Clara, uma Irmã chamada Andrea sofreu de um mal semelhante na garganta. Certamente é estranho que, entre as brasas ardentes, se ocultasse alma tão fria e que, entre virgens prudentes, houvesse uma estulta imprudente. O certo é que uma noite Andrea apertou a garganta até se afogar, para expulsar o inchaço pela boca, querendo sobrepor-se ao que Deus queria para ela. 
Mas Clara, por inspiração, soube disso na mesma hora e disse a uma Irmã: “Corra, corra depressa ao andar de baixo e faça a Irmã Andrea de Ferrara tomar um ovo quente. Depois venha aqui com ela”. 
A outra foi correndo e encontrou Andrea sem falar, quase afogada por ter se apertado com as mãos. Ergueu-a como pôde e a levou consigo à madre. A serva de Deus lhe disse: “Pobrezinha, confesse ao Senhor seus pensamentos, que até eu sei muito bem quais são. O que você quis sarar vai ser curado pelo Senhor Jesus Cristo. Mas mude de vida para melhor, porque você não vai se levantar de outra doença que vai ter”. 
A estas palavras, ela recebeu o espírito de compunção e mudou sua vida bem valorosamente para melhor. Pouco tempo depois, já curada do tumor, morreu de outra doença.