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TEXTO ORIGINAL

Legenda Sanctae Clarae Virginis - 53

De caeco illuminato

53 Iacobellus dictus filius Spoletinae, duodecim annorum caecitate percussus, ducem itineris sequebatur, nec sine ductore quoquam poterat, nisi in praecipitium ambulare. Nam et semel puero parumper dimissus, in praecipitium actus, brachii fracturam cum vulnere capitis reportavit. 
Hic cum iuxta pontem Narnii quadam nocte dormiret, apparuit ei quaedam domina in somnis, dicens ei: Iacobelle, quare tu ad me non venis Assisium, et liberaberis? Qui mane consurgens duobus aliis caecis tremebundus recitat visionem. Respondent illi: Dominam quamdam nuper audivimus in Assisii civitate migrasse, cuius sepulcrum per sanitatum munera et per multa mirabilia manus Do-mini dicitur honorare. 
Quo audito, impiger factus concite properat, et nocte hospitatus apud Spoletum, eamdem cernit iterum visionem. Ocior advolat, totum se prae amore luminis ad cursum praecingens. 
Perveniens autem Assisium, tantas ante Virginis mausoleum gentium concurrentium reperit turbas, ut ipse intrare nullatenus posset ad tumbam. Supponit lapidem capiti suo, et cum fide magna, dolens tamen, quod introitum habere non posset, somnum capit prae foribus. Et ecce, tertio vox ad eum: Benefaciet tibi Dominus, Iacobe, si poteris introire. 
Evigilans ergo rogat cum lacrymis turbas, clamans et preces ingeminans ut ei propter divinam pietatem viam praestare dignentur. Data sibi via, calceamenta projicit, vestes exuit, collum corrigia cingit, et sic humiliter sepulcrum contingens, lentum somnum incurrit. Surge, inquit ei beata Clara, surge, quia liberatus es. 
Extemplo surgens, omni caecitate discussa, omni oculorum caligine relegata dum clare per Claram videt luminis claritatem, Deum laudando clarificat, et pro tanti mirificentia operis ad benedicendum Deum omnes gentes invitat.

TEXTO TRADUZIDO

Legenda de Santa Clara Virgem - 53

Cura de um cego

53 Jacobelo, conhecido como filho da espoletana, doente de cegueira havia doze anos, andava com um guia e não podia ir sem ele a lugar nenhum senão ao precipício. Uma vez, deixou o menino um pouquinho e caiu num buraco, quebrando um braço e machucando a cabeça. 
Uma noite, dormindo junto à ponte de Narni, apareceu-lhe em sonhos uma senhora que disse: “Tiaguinho, por que não vem a mim em Assis para ficar curado?”. Quando acordou, de manhã, contou tremendo essa visão a outros dois cegos. Eles disseram: “Ouvimos falar, há pouco, de uma senhora que morreu na cidade de Assis, e se diz que o poder do Senhor honra seu sepulcro com graças de cura e muitos milagres”. 
Ouvindo isso, tratou de pôr-se a caminho sem preguiça e, hospedando-se à noite em Espoleto, teve outra vez a mesma visão. Voou ainda mais rápido, só pensando em correr, por amor à vista. 
Mas, ao chegar a Assis, encontrou tanta gente acorrendo ao mausoléu da virgem que não conseguiu de modo algum chegar perto do túmulo. Pôs uma pedra embaixo da cabeça e, com muita fé, apesar da dor de não poder entrar, dormiu ali fora. Então, pela terceira vez, ouviu a voz dizendo: “Tiago, o Senhor lhe concederá o favor, se você puder entrar”. 
Por isso, ao acordar, rogou chorando à multidão, gritando e implorando que o deixasse passar, por amor de Deus. Aberto o caminho, jogou os sapatos, despiu-se, passou uma correia no pescoço e foi tocar humildemente o túmulo, onde caiu num sono leve. “Levante-se, disse a bem-aventurada Clara, levante-se que está curado”. 
Levantou-se na hora e, dissipada toda cegueira, sem nenhuma escuridão nos olhos, viu claramente a claridade da luz, graças a Clara. Glorificou a Deus, louvando-o, e convidou todos a bendize-lo por tão maravilhoso portento.